Em discussão na câmara, a denúncia formulada pelo Ministério Público Federal poderá ser suspensa por uma decisão política dos deputados, que assim agiriam com o objetivo de preservar o mandato do presidente.
Mas a decisão política será tomada em nome do quê? Da mera conservação do cargo do presidente e dos benefícios dos próprios deputados, já que nas últimas semanas o governo tem liberado milhões de reais em emendas em favor dos projetos dos deputados.
É escandalosa a proteção ao presidente, que mandou seu assessor especial, Rodrigo Rocha Loures, receber malas de dinheiro de empresários corruptores, tudo devidamente registado em vídeos que afastam qualquer dúvida sobre o fato.
As evidências contra Temer são muito mais abundantes e se referem a crimes mais graves que aquele que motivou o impeachment de Dilma Rousseff – as chamadas pedaladas fiscais, que são uma questão técnica de contabilidade e não uma espécie de enriquecimento pessoal ilícito.
Temer envolveu-se diretamente na negociação ilícita que trocou pagamentos em seu próprio favor em troca benefícios aos corruptores na gestão pública. É patente o ato de corrupção.
Em um contexto onde a palavra de ordem é que todos são iguais perante a lei, a proteção ao presidente Temer pela mesma câmara que condenou a presidente Dilma transmite a mensagem oposta à sociedade: com as devidas articulações e favorecimento a privados, uns podem se livrar da punição enquanto outros recebem todo o rigor da lei.
A autorização ao processamento da denúncia contra Temer é imprescindível para que se cumpra verdadeiramente a premissa de que todos são iguais perante a lei. Temer não merece proteção, e a sociedade cobra a punição rigorosa dos crimes contra a gestão pública.
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