Parafraseando F. D. Roosevelt, a Páscoa de 2019 será uma data que viverá na infâmia. O Sri Lanka, pequeno país insular do subcontinente indiano, foi palco de atentados a Igrejas e hotéis. Cerca de 300 pessoas morreram e outras centenas ficaram feridas. Investigações preliminares sobre a autoria dos ataques apontam para uma organização terrorista islâmica cristofóbica.
O ópio do povo
A intolerância religiosa contra aqueles que seguem e pregam os ensinamentos de Jesus é tão antiga quanto a própria fé cristã, mas foi Marx quem estigmatizou a religião para a posteridade: “das Opium des Volkes”, “o ópio do povo”.
Para a ideologia comunista e suas derivações, o cristianismo é uma ferramenta de opressão que subsidia o patriarcado ocidental e a superestrutura burguesa. Mas no fundo, os teóricos marxistas sabem que a religião mitiga o protagonismo do Estado na vida social e liberta o indivíduo da adoração à burocracia e seus líderes. Daí o ranço.
Não à toa, o país mais esquerdista do mundo, a Coreia do Norte, também é o país que mais persegue a fé cristã segundo a organização americana Open Doors [veja o ranking].
2 pesos, 2 medidas
Apesar da resistência ao cristianismo, a esquerda contemporânea é conivente com movimentos político-religiosos que têm DNA revolucionário, inclusive jihadistas. O discurso do multiculturalismo também segue à risca a cartilha do politicamente correto: minimiza a epidemia de violência terrorista imbricada na fé muçulmana e assevera que a maioria do povo islâmico é politicamente “moderada”.
A (desconfortável) realidade sobre o que pensam as diferentes populações dos países muçulmanos a respeito de princípios basilares da democracia ocidental, o leitor encontra neste vídeo da Prager University, intitulado “Onde estão os muçulmanos pacíficos?”
Turistas e adoradores da Páscoa
Quando comparamos as respostas de Hillary Clinton e Barack Obama aos massacres no Sri Lanka (vítimas cristãs) e na Nova Zelândia (vítimas muçulmanas), a contradição da narrativa progressista fica escancarada:
Tuíte de Obama sobre o Sri Lanka: “Os ataques a turistas e adoradores da Páscoa no Sri Lanka são um ataque à humanidade”.
Tuíte de Obama sobre a Nova Zelândia: “Michelle e eu prestamos nossas condolências ao povo da Nova Zelândia. Nós estamos de luto com vocês e a comunidade Muçulmana”.
Tuíte de Hillary sobre o Sri Lanka: “Neste final de semana sagrado para muitas fés, precisamos ficar unidos contra o ódio e a violência. Estou rezando para todos os afetados pelos terríveis ataques de hoje a adoradores da Páscoa e turistas no Sri Lanka”.
Tuíte de Hillary sobre a Nova Zelândia: “Meu coração se parte pela Nova Zelândia & a comunidade global Muçulmana. Nós precisamos continuar combatendo a perpetuação e normalização da Islamofobia e do racismo em todas as suas formas. Supremacistas brancos terroristas devem ser condenados por líderes em todo lugar. Seu ódio assassino deve ser freado”.
Reparem que a palavra “Cristão” não foi empregada nos tuítes relacionados aos atentados do Sri Lanka. Em vez disso, eles apresentam um termo peculiar: “adoradores da Páscoa”. Em contrapartida, a palavra “Muçulmano” aparece nas publicações relacionadas ao massacre da Nova Zelândia, incluindo menção à Islamofobia e ao terrorismo praticado por supremacistas brancos.
Incoerência politicamente correta
Logo a esquerda progressista, tão preocupada com políticas identitárias e rótulos sociais, vai se furtar a classificar as vítimas cristãs segundo sua fé? A (má) intenção é clara: manter a narrativa do cristianismo como “força opressora” e não revelar o preconceito e perseguição que assolam a comunidade cristã (nos âmbitos nacional e mundial). Para que o leitor conheça essa realidade em detalhes, recomendo o mapa de denúncias do Observatório da Cristofobia (L’Observatoire de La Cristianophobie).
A linguagem adotada por Obama e Hillary é o retrato do descaso do “politicamente correto” com verdades objetivas. Aqui vão três delas:
Nossas orações pelos irmãos e irmãs que perderam suas vidas em atos de terrorismo, sejam eles cristãos ou muçulmanos.
Caio Coppolla. Apoie a coluna assinando a Gazeta do Povo (promoção).
-
Discurso populista é o último refúgio para Lula recuperar popularidade
-
Reforma tributária pressiona motoristas e entregadores de aplicativos para formalização no MEI
-
Nova renegociação de dívidas estaduais só é boa para gastadores e estatizantes
-
Consolidação da direita em Santa Catarina atrai jovens que fortalecem os partidos
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS