“É um sujeito realmente fraco, frágil, covarde… é um merda, um bosta” discursou o humorista Gregorio Duvivier sobre Sérgio Moro no ato “Lula Livre” em abril deste ano. Como era de se esperar, essas ofensas gratuitas e despropositadas caíram no esquecimento. Até que, aparentemente, o Ministro resolveu endereçá-las em sua nova conta no Twitter.
Pra variar, é necessário filtrar o sensacionalismo da imprensa, eterna amante e incentivadora da rusga pública. Ao contrário do que dizem as manchetes escandalosas, Moro não respondeu a Duvivier. E isso fica claro no seu primeiro tuíte: “Reporto-me a mensagens sugerindo providências contra declarações ofensivas contra mim” – a manifestação do Ministro é dirigida a quem cobra dele medidas judiciais, não ao detrator.
O erro de Moro foi fazer uma referência indireta a Duvivier, quando menciona que o autor das ofensas foi um “suposto comediante em um evento político-partidário ‘Lula livre‘”. Pronto. Era o que os oportunistas de plantão precisavam para inventar um embate entre um gigante e uma formiga. Como agente político, cabe a Moro antecipar este tipo de repercussão e entender seu papel social. No universo dos arquétipos, heróis combatem vilões. Heróis não combatem os bobos da corte – e antagonizá-los (mesmo indiretamente) é bater palma para que dancem sob holofote alheio.
Pela liberdade de expressão
Como se percebe pela sequência de tuítes, Duvivier é absolutamente irrelevante para a real mensagem do Ministro:
“O debate de assuntos públicos deve ser sem inibições, robusto, amplo e pode incluir ataques veementes, cáusticos e algumas vezes desagradáveis ao Governo e às autoridades governamentais.”
“A resposta às críticas injustas da imprensa ou das redes sociais não pode jamais ser a censura ou o controle da palavra. Deve ser o aprofundamento do debate, o livre intercâmbio das ideias. O esclarecimento e não o silêncio.”
“Claro, tal liberdade não abrange ameaças. Não significa também que concordo com excessos ou ofensas a quem quer que seja, mas apenas que, para essas, não acredito que o remédio seja a censura”
Moro faz uma ode à garantia fundamental da liberdade de expressão, aproveitando o ensejo das injúrias sofridas para repudiar a censura (e, quem sabe, passar o recado para alguns Ministros do STF, cujo entendimento sobre a matéria parece caminhar no sentido oposto).
Cuore a sinistra, portafoglio a destra
Como escreveu Moro em seus tuítes, declarações de baixo nível falam mais sobre o ofensor do que sobre o ofendido. Isso também vale para críticas descoladas da realidade. Duvivier diz que Moro é um “juizeco” e ainda por cima “covarde”. Será que estamos falando do mesmo indivíduo? Do magistrado de 1ª instância eleito pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo (2016), que julgou e condenou os criminosos mais poderosos do Brasil (incluindo um ex-Presidente corrupto), arriscando sua vida e da sua família?
A crítica a Moro não faz sentido nenhum, mas quem atira as pedras é uma contradição ambulante. Duvivier é um milionário do capitalismo que defende ícones e ideias socialistas em pleno séc. XXI – portanto, após o colapso do modelo soviético e a morte de mais de uma centena de milhões de pessoas vítimas dos abusos do socialismo. O ator é daqueles que não hesita em insultar a fé cristã com seu “humor” e criticar a prática do dízimo, mas é incapaz de socializar uma parte que seja dos milhões e milhões de reais que tem investidos.
Impossível não lembrar do adágio italiano: Cuore a sinistra, portafoglio a destra (coração na esquerda, carteira na direita).
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