Em desabafo nas redes sociais, o YouTuber Whindersson Nunes disse que se sente triste, angustiado e sem vontade de viver. A revelação trouxe para o debate público o tema da depressão, enfermidade epidêmica na sociedade contemporânea.
Números da OMS revelam aumento de 18,4% na ocorrência da doença na última década. Estima-se que mais de 320 milhões de pessoas ao redor do mundo estejam deprimidas, cerca de 4,4% da população global. Aqui no Brasil, os números são ainda mais alarmantes: 5,8% dos brasileiros apresentam quadro de depressão. É possível e provável que o comediante Whindersson faça parte dessa estatística.
A ideia antitética do “palhaço triste” não pertence exclusivamente às narrativas ficcionais. A ciência médica já cuida do fenômeno da “depressão sorridente”, modalidade atípica da depressão na qual os sintomas da doença são mascarados por espasmos de alegria e falsas demonstrações de felicidade – a analogia com o modus operandi de influenciadores digitais é inevitável, afinal não existe retrato menos fidedigno do estado de espírito de uma celebridade que seu perfil nas redes sociais.
Entre as realidades que Instagram, Facebook e YouTube varrem pra debaixo do tapete, está a tal “depressão sorridente”, que torna o paciente hipersensível ao juízo alheio e às circunstâncias da vida. Se por um lado elogios e boas notícias podem provocar breves ondas de entusiasmo e euforia, por outro o efeito rebote dessas emoções causa recaídas ao estado de melancolia e ansiedade característicos da depressão. Sintomas também incluem cansaço físico e mental, além de variação de apetite e peso.
Experiência pessoal
Aos 22 anos tive um episódio de depressão sem causa aparente: meu lar era saudável, eu namorava a menina que amava e empreendia numa área inovadora no auge da minha juventude. Meu tripé família, relacionamento e vida profissional estava apoiado em bases sólidas, mas ainda assim eu me sentia demasiadamente triste, desmotivado e exausto.
Em consulta com um médico psiquiatra, conversei sobre minha situação. Ele me disse que seu primeiro impulso, ao me ver abatido no consultório, era seguir um tratamento convencional receitando remédios. Contudo, optamos por uma solução alternativa em caráter temporário e experimental, fundada em regras simples para minha rotina:
Para meu alívio, em alguns meses me senti completamente reabilitado e nunca precisei recorrer à medicação contra a depressão. Mas cada caso é um caso, e o mais importante é que até tratamentos alternativos devem ser feitos sob supervisão médica.
Espero que o Whindersson já esteja recebendo toda a ajuda profissional de que precisa e todo o amparo familiar que deseja. Um dos seus tuítes é o testemunho de uma alma (que se sente) solitária: “…eu trocaria qualquer quarto chique de hotel por tomar um café com um amigo”. Tomara que ele descubra o quanto antes que tem milhares de amigos. Um deles escreveu este texto e adoraria tomar um café.
Caio Coppolla. Apoie esta coluna assinando a Gazeta do Povo com valor promocional.
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