Steve Jobs escorregou em duas cascas de banana na semana que passou. Primeiro, lançou um iPod que tem o poder de roubar mercado do iPhone e, logo depois, anunciou um corte de preço significativo (33%) no telefone celular lançado com estardalhaço há menos de três meses. Tudo na maior das boas intenções. Mas, como a sábia cultura popular apregoa, “de boas intenções…”
Ninguém é louco de ser contra um corte de preços. Nem eu. Mas a decisão de diminuir o preço do iPhone em US$ 200 deixou muito usuário do aparelho esbravejando contra Jobs, sua companhia e seus mais remotos ancestrais. Vale lembrar que alguns deles enfrentaram dias de fila, com o sol do verão norte-americano a lhes torrar a cabeça, em junho passado, apenas para ter o gostinho de ser um dos primeiros donos de iPhone. Ou seja, além dos US$ 600 cobrados até a última sexta-feira, esse povo pagou pelo gadget com tempo, paciência e direitos de imagem (afinal, as filas foram uma ótima estratégia de marketing para a Apple e seu novo brinquedinho).
Como bem definiu o blog da revista Wired: “Todos sabem como funciona o ciclo de vida de um produto – mas, convenhamos, poucos querem ser lembrados disso”. Ou seja, faltou tato por parte da Apple. Ficou óbvio – demais – que a empresa se aproveitou, e lucrou em cima, das emoções de seu público. A redução significou uma desvalorização de mais de US$ 3 ao dia desde o lançamento do iPhone. É fato que o preço dos eletrônicos cai com o passar do tempo, mas, nessa escala, o corte só cria suspeitas em torno do real preço do hardware. Estaria ele ainda supervalorizado?
A reação negativa foi tamanha que, um dia após anunciar o corte, Steve Jobs veio a público garantir um crédito de US$ 100 para quem pagou o preço antigo do iPhone. Um crédito para ser gasto em… produtos da Apple! Acho que alguém colocou um band-aid sobre uma queimadura de terceiro grau…
O iPod Touch (foto) é uma maravilha. Tem tela sensível a – múltilplos – toques, conexão wi-fi, 8 GB ou 16 GB de memória, mas… Mas é parecido demais com o iPhone! Analistas dos quatro cantos dos EUA apontaram o aparelho como um canibal, que poderá, sim, roubar mercado do celular-xodó. O resultado foi uma bela escorregada no valor das ações da Apple: 5% em um dia.
E ainda estamos a três meses do Natal, quando a indústria costuma encher as prateleiras de novidades. Pergunto: o que a Apple lançará quando dezembro vier? Ou será que a grife fará apenas mais um corte de preços, no maior estilo “engana-bobo”?
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Alguém me responda, por favor, antes de eu realizar minha vontade incontrolável de comprar um iPod Touch!!!