No entanto, o fato é que a curta permanência de sete meses à frente do TJ foi um período tão turbulento que os analistas não conseguem ver qual das polêmicas (para usar uma palavra leve) pode ter levado à renúncia. Houve denúncias de tráfico de influência, censura, editais milionários e até problemas de saúde.
O blog preparou uma lista de eventos da gestão de Clayton Camargo. Qual desses pontos pode ter sido decisivo para a renúncia?
1- A eleição para a presidência em si já foi tumultuada. Clayton Camargo passou para o segundo turno. Inesperadamente, empatou a votação contra o desembargador Guilherme Gomes, o candidato da situação. Levou a presidência por ser mais velho.
2- O Conselho Nacional de Justiça veio a Curitiba para investigar o Tribunal de Justiça. O corregedor nacional de Justiça, ministro Francisco Falcão, anunciou que Clayton Camargo estava sendo investigado pessoalmente. As denúncias envolviam tráfico de influência.
3- O CNJ também recomendou que o TJ revisse sua decisão de criar 25 cargos de desembargador. O que faltava era eficiência, não gente. O juiz Jefferson Kravchychyn, do CNJ, deu nota 5 ao tribunal paranaense como um todo. Mesmo assim, Clayton Camargo insistiu na abertura dos 25 cargos.
4- Já na coletiva do CNJ, ficou clara a tensão entre Clayton Camargo e a imprensa. Os repórteres foram barrados na entrada. Mais tarde, foram acompanhados por escolta até o local da entrevista.
5- Clayton Camargo também entrou com uma ação judicial contra a Gazeta do Povo impedindo que o jornal noticiasse as investigações do CNJ contra ele. Perdeu em primeira instância e ganhou no próprio TJ. Acabou desistindo da ação depois de o jornal ir ao STF contra a censura.
6- Em outro momento de tensão com a imprensa, o presidente do TJ disse a um repórter da Gazeta do Povo que não dava entrevistas e que ele “fosse entrevistar a própria mãe”.
7- Clayton Camargo também foi acusado de interferir na eleição de seu filho, o ex-deputado estadual Fabio Camargo, para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. O caso está nas mãos da ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça. O presidente do TJ nega que tenha interferido.
8- O presidente do TJ anunciou uma licitação para reforma do Palácio da Justiça. O valor chamava a atenção: seriam até R$ 79 milhões para a obra.
9- Há duas semanas, Clayton Camargo infartou durante uma sessão do Órgão Especial. O infarto foi numa segunda-feira. A assessoria diz que mesmo assim ele foi a Brasília no dia seguinte para uma sessão do CNJ. Depois, se afastou do cargo.
10- Durante seu afastamento, o presidente interino do TJ, Paulo Roberto Vasconcellos, anulou a licitação. Depois disso, embora ainda tivesse direito a mais 30 dias fora do cargo, Clayton Camargo voltou ao TJ. Reuniu-se com a cúpula do tribunal na sexta-feira. E na segunda anunciou a renúncia.
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