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O que Putin quer é o Brasil apoiando políticas antidemocráticas

Vladimir Putin em foto de Denis Sinyakov, da Reuters. (Foto: )
Vladimir Putin em foto de Denis Sinyakov, da Reuters.

Vladimir Putin em foto de Denis Sinyakov, da Reuters.

A ideia de haver os “Brics” como força política mundial é para lá de interessante. É óbvio que o mundo precisa ter vários focos de poder e que os países precisam se unir para ter força e defender seus interesses. China. Rússia, Índia e África do Sul, junto com o Brasil, formam um bloco respeitável, e isso pode ser útil para fazer lobby tanto na área comercial quanto em política. Mas…

um dos problemas é o fato de existir Vladimir Putin. E de Putin ser um sujeito perigoso, capaz de adotar posições absurdas em política internacional em nome de seu projeto de uma Rússia forte e com chance de se contrapor aos Estados Unidos. Em crises recentes, por exemplo, ele se alinhou a Assad na Síria e a Kim Jong-Un na Coreia do Norte. Tutti buona gente.

E agora Putin, na ocasião de criação de um banco dos Brics (que pode ser uma excelente ferramenta de desenvolvimento e de política internacional) diz que pretende usar o bloco como maneira de se contrapor às políticas dos EUA. E aí a coisa fica mais complicada. O que ele está dizendo é que, em última instância, espera que o alinhamento seja mais do que meramente de desenvolvimento econômico. Pelo menos na pretensão dele, seria um bloco político capaz de levar o grupo a conquistar uma posição anti-EUA.

Goste-se ou não dos Estados Unidos e de suas posições políticas internacionais, é preciso primeiro entender o que Putin quer dizer com “questionar os EUA”. E aí vale a pena ler uma matéria que a Folha de S.Paulo fez sobre Alexandre Duguin, o “mentor intelectual” do neoeurasianismo de Putin.

Do meu ponto de vista, é coisa de maluco. Ou, melhor, de gente que quer ditadura, governos opressivos e poder a todo custo. É esse “antiliberalismo” que está no centro do questionamento de Putin aos EUA. Não é questionar Guantánamo. Nem as torturas na época de Bush. Nem a invasão de outros países em si. É questionar justamente a parte boa da política americana: a ideia de que é preciso haver respeito a uma Constituição e a princípios de igualdade e de justiça. É questionar a própria ideia da democracia liberal.

No tipo de governo que ele pretende, é possível proibir “propaganda de homossexualismo”, por exemplo, ou impor modelos de vida de acordo com o interesse de uma moral do governo. Perseguição aos cidadãos, restrição de direitos e falta de garantias individuais: eis o sonho do ex-agente da KGB.

É claro que o fato de Putin querer nos colocar nessa armadilha  não significa que alguém vá cair nela. Mas não custa lembrar. Ao falar em Brics, estamos lidando com esse sujeito.

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