O Dia Mundial Sem Carro é uma grande ideia. Alerta as pessoas sobre a necessidade de se adotar métodos menos poluentes e de diminuir o engarrafamento nas grandes cidades. É um jeito de reduzir o estresse e de incentivar as pessoas a terem mais saúde. Excelente.
Mas não é uma ação de marketing que vai mudar a situação. Há pelo menos dois motivos para que as pessoas andem preferencialmente de carro. Um é que o carro realmente é prático: você não precisa esperar por ele, faz o caminho que mais lhe convier, tem conforto, não exige esforço.
O outro é a tal “cultura do carro”: as pessoas ainda associam carro a status e ônibus, por exemplo, a algo para os menos afortunados. Não é totalmente à toa. O serviço de transporte coletivo nem sempre está à altura, embora em Curitiba ainda não seja um caos completo.
O prefeito Gustavo Fruet tem adotado algumas ações interessantes, como mostrar que ele próprio faz esforço para ir de bicicleta ao trabalho, ajudando a “desmistificar” a ideia de que pessoas “importantes” têm que andar de carro e, de preferência, com motorista particular à disposição.
Mas para mudar a situação e incentivar as pessoas a realmente deixar o carro em casa, não basta atacar a parte cultural. Nem ficar se queixando de que o cidadão não dá ouvidos à razão. É preciso tornar as outras alternativas viáveis – e convencer pela prática de que usar outros “modais” não vai dificultar a vida de ninguém.
1-) Bicicletas – Talvez seja a área em que a atual gestão mais mudou a política em relação aos mandatos anteriores. Hoje pode-se dizer que Curitiba tem alguma política para bicicleta. Surgem paraciclos, há algum incentivo ao uso, mas as coisas andam devagar: o aluguel de bicicletas não andou e ainda há pouco acréscimo de pistas exclusivas, por exemplo.
2-) Prioridade do ônibus – Embora as bicicletas sejam importantes, para muita gente elas não servem, por vários motivos (falta de condicionamento, distância muito grande, idade). E o transporte coletivo continua sendo o método mais democrático de enfrentar a cultura do carro. Hoje, no entanto, ainda rasteja a ideia de criar pistas exclusivas (que não as canaletas dos expresso). É uma solução barata e que já se mostrou funcional. Poderia haver mais em ruas como Getulio Vargas, Iguaçu, Alferes Poli e outras.
3-) Integração temporal – Hoje só existe no Interbairros 1. Fora isso, quem desce fora do terminal e precisa pegar outro ônibus tem de pagar outra passagem, o que é um absurdo e desestimula as pessoas a fazerem caminhos longos de ônibus. Especialmente em lugares com muitos pontos, como a Praça Rui Barbosa, isso seria fundamental. Mas poderíamos copiar o exemplo de outras cidades e usar a integração na cidade toda.
4-) Conforto no busão – É absolutamente imperativo que as pessoas tenham acesso à tabela de horário em cada ponto; que haja bancos para esperar; que haja mais ônibus, para esperar menos; que se possa pagar com dinheiro ou que o cartão seja vendido em todas as banquinhas da cidade etc…
5-) Pesquisa e metrô – O metrô pode ajudar a desafogar o ônibus. Mas enquanto a prefeitura não fizer nem o passo mais simples para saber se o metrô está na rota certa, que é a pesquisa origem-destino, isso é apenas utopia.
Siga o blog no Twitter.
Curta a página do Caixa Zero no Facebook.
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS