Pois então, aparentemente, uma das prioridades da cultura brasileira é fazer com que Alexandre Herchcovitch, Ronaldo Fraga e Pedro Lourenço façam apresentações de suas coleções de moda no exterior e no Brasil, mesmo que isso custe milhões aos cofres públicos.
Quando Fernando Henrique Cardoso se elegeu presidente pela primeira vez, em 1994, e tomou posse, Luis Fernando Verissimo escreveu um texto memorável falando de um dos primeiros atos do novo governo. Era a regulação da navegação de cabotagem no país. Verissimo disse que FHC estava revelando ali sua “agenda secreta”, nunca exposta na eleição. A navegação de cabotagem
O Ministério da Cultura é uma instituição que usualmente beira a inutilidade. Quando aparece, é para se ver no meio de escândalos e desvios. Ou para revelar a sua “agenda secreta”, como agora. Num países em que se tem carência de tanta coisa, inclusive de patrocínio para projetos de arte que não têm caráter comercial, patrocinar Herchcovitch com dinheiro público é uma afronta.
A moda desses estilistas é absolutamente comercial, se sustenta com facilidade. Mas quem se importa com isso? O ministério, por meio das leis de incentivo, patrocina filmes da Xuxa e sabe-se lá mais quais absurdos com nosso dinheiro. E ainda quem fica com o crédito são os empresários que doam o dinheiro e abatem dos impostos.
Pelo menos nisso Curitiba está saindo na frente, ao eliminar o “mecenato” e manter o patrocínio direto do poder público. Fica claro quem está pagando: nós.
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