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A eleição de Michele Bachelet no Chile com cerca de 26% dos votos totais do país deveria soar como um alerta para os defensores do voto facultativo no país. Importante lembrar: há uma proposta do gênero em trâmite atualmente no Congresso Nacional. Poderíamos virar o Chile, em que três quartos da população é indiferente ou antipática a quem governa o país.

A ideia de dois turnos, no Chile, não impediu que a presidente fosse eleita sem maioria. O país já teve sérios problemas por isso em décadas passadas. Há exatos 40 anos, a chegada de Salvador Allende ao poder foi apoiada por apenas um terço dos chilenos. Deu no que deu. O questionamento da legitimidade, nesses casos, é líquido e certo. Nem sempre leva a um pinochetismo, mas sempre dá dores de cabeça.

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Bachelet nem assumiu e já teve de pedir que não se questione sua legitimidade. Pois o segundo turno sem voto obrigatório não dá garantia de maioria. No caso dela, foram 3,5 milhões de votos para a presidente eleita, contra mais de 10 milhões que não votaram nela. Seus críticos já dizem que ela terá de ser moderada (significando que não poderá, talvez, governar como acha que deve) por não ter apoio da maioria e não saber onde pisa (ou pelo menos cria-se a hipótese de que não representa a maioria).

No Brasil, goste-se ou não do sistema, isso não ocorre. Nossos sistema de dois turnos e voto obrigatório garante maioria ao eleito. No mínimo, ainda que de nariz torcido, os eleitores têm de escolher quem os governará, e isso legitima o governo, evitando crises contínuas e riscos de rompimento democrático.