Sempre houve suspeitas sobre o fato de os três principais líderes de oposição ao governo militar terem morrido em um período de poucos meses e sempre em acidentes. Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek e João Goulart, antes rivais, haviam se unido para denunciar a ditadura. Morreram um atrás do outro. Precisou se passar quase meio século para que uma investigação oficial oferecesse pistas sobre o que há muito parecia ser fato.
A revelação do dossiê sobre a morte de JK, nesta terça. pela Comissão da Verdade de São Paulo, pode se mostrar uma decepção mais tarde. Em primeiro lugar, porque sempre é possível que as conclusões sejam erradas. Nesse sentido, a decepção seria com a investigação paulistana. Mas pode decepcionar também porque a essa altura, 25 anos depois da redemocratização, a descoberta pode significar pouco ou quase nada.
Não é só o fato de os possíveis responsáveis, mesmo que por um milagres eles fossem identificados, não poderem ser punidos, graças à fatídica Lei de Anistia. É que todo o outro tipo de punição viável – mesmo a execração pública do regime – fica sem sentido agora, tanto tempo depois. E fica a pergunta: por que só agora, no governo de Dilma Rousseff, o Estado brasileiro patrocina esse tipo de investigações. Onde estavam com a cabeça Lula e Fernando Henrique Cardoso, só para ficar em dois nomes que, por sua biografia tinham como bancar uma investigação sobre o regime que combateram?
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