A auditoria no sistema de transporte coletivo da cidade pode vir a ser o ponto mais importante da gestão de Gustavo Fruet. Trata-se de um item decisivo do orçamento: consome R$ 800 milhões por ano. Atende dois milhões de passageiros por dia. É o caminho para desafogar o trânsito e garantir a mobilidade. E há anos vem sendo contestado de diversas maneiras.
A auditoria já revelou pontos importantes. Por exemplo, que as empresas podem ter sido beneficiadas com pagamento a menos de impostos municipais. Agora, o buraco é mais embaixo. Fruet está dizendo que há indícios de que a licitação que entregou o sistema às atuais empresas pode ter sido viciada.
Tudo daquele jeito Fruet de ser: “pode ser”, “é preciso ouvir o contraditório”, “não podemos nos antecipar”… (Não deixa de ser engraçado imaginar o que Roberto Requião falaria nas mesmas condições. O gestor anterior estaria ouvindo desaforos e a quinta geração dos empresários seria exposta num programa da tevê estatal.)
O importante é: a licitação manteve exatamente as mesmas empresas que já prestavam o serviço. Nenhuma empresa de fora sequer participou da concorrência. As empresas, lideradas pela família Gulin, que tem seis das onze titulares do sistema, se dividiram em consórcios e receberam o butim.
Já na época houve contestações. Por exemplo, nessa matéria de Heliberto Cesca que mostrava o seguinte: as empresas tinham uma vantagem multimilionária sobre qualquer concorrente, pelo simples fato de poderem abater da outorga uma dívida que a prefeitura tinha com elas.
Claro que é cedo para condenar alguém. A própria prefeitura só fala em indícios. Mas o fato é que as empresas e o poder público municipal sempre tiveram uma relação bastante fraternal. Próxima até demais. O simples fato de os dois lados estarem se vendo como independentes um do outro parece algo a ser celebrado. Simbiose de empresas com o poder público nunca é uma boa ideia.
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