Em truco, usa-se muito uma expressão: a primeira é dos patos. Quem ganha a primeira mão pode ter gastado a carta boa antes do tempo, e o que conta é o final do jogo. O bom jogador, quem é esperto, age na hora certa, quando a coisa é pra valer.
Jair Bolsonaro (PSL) teve seus quinze minutos de fama. Apareceu, ganhou mídia, estrilou. Ganhou um cordão de puxa-sacos, foi declarado presidente eleito, causou arrepios e ranger de dentes. Agora, está prestes a voltar para mais perto de seu lugar.
À medida que a eleição se aproxima, fica nítido que se trata de um cavalo paraguaio. Aos poucos, os supostos aliados iam se afastando. De uma semana para cá, a coisa desmoronou. O suposto favorito não consegue sequer achar alguém disposto a ser seu vive. Nem no mundo político, nem nos quartéis.
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Agora é que a eleição vai tomando corpo – e é agora que os verdadeiros jogadores vão aparecendo. Os franco-atiradores vão se revelando vazios, sem apoios, sem tempo de tevê, sem dinheiro. E os adultos começam a entrar pesado na partida – justo na hora em que o jogo começa a valer algo. A valer a Presidência da República.
Não quer dizer que Bolsonaro não vá ter votos. Vai. Não quer dizer que deva ser ignorado – pelo contrário, é preciso entender como alguém tão distante de qualquer conceito democrático chegou tão perto de se tornar presidente.
A campanha de Bolsonaro também vai trazer consequências. Em seu rastro, surgiu uma direita extremada forte, que deve eleger bastante gente, principalmente para o Congresso, coim reflexo nos estados. Gente que provavelmente vai falar alto – embora não tenha número suficiente para mudar o rumo das coisas.
Muito se comparou Bolsonaro ao fenômeno Donald Trump. Mas é preciso manter as coisas em seus lugares. Trump teve nas mãos a máquina do Partido Republicano; Bolsonaro tem nas mãos o glorioso PSL, e mais nada.
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