O Caminhos do Campo, caderno da Gazeta do Povo dedicado à área rural, deu uma notícia nesta semana que passou meio despercebida. A Bayer anunciou em evento nos Estados Unidos que o glifosato, herbicida que mantém a soja transgênica viável, não está dando conta das ervas daninhas.
No Brasil, 20% das lavouras de soja já não ficam livres do mato usando o produto. No Paraná, são 40%. E não dá para usar agrotóxicos convencionais na soja “RR” porque eles matam a soja junto.
Os técnicos dizem que isso não acaba com a soja da Monsanto. Nem com o glifosato. Mas dizem que o produtor terá, quem diria, um aumento de custos para se manter no mercado.
Hoje, segundo a expedição Safra RPC (uma coisa fantástica articulada pelo coordenador da área, Giovanni Ferreira), 64% da soja plantada hoje no Paraná é transgênica. Aumento de custo para toda essa gente.
A verdade é que embora muita gente tenha alertado que apostar em soja transgênica era fria, poucos agricultores deram ouvidos. Era mais barato, pagava bem…
Mas, claro, a transgenia tinha seus truques. E não estou nem falando das dúvidas sobre os efeitos da planta na saúde e no meio ambiente.
A RR é um monopólio. Quem compra fica na mão da Monsanto. Na mão do glifosato. E cria uma dependência incrível, jamais imaginada em outras plantações: a semente não pode ser tirada da plantação, então é preciso comprar mais todos os anos.
E dois em cada três agricultores paranaenses caíram nessa armadilha. Agora, começarão a pagar mais caro. E recebem menos, porque a soja convencional já paga mais no mercado internacional.
Ou seja: a parte ruim da transgenia (dependência, dúvidas sobre os efeitos de longo prazo) continuam. E o lado bom (economia, lucro maior) vai buraco abaixo.
Era fria mesmo. Pena que muita gente entrou nessa. E não foi por falta de aviso.