A Associação Comercial e Industrial de Ponta Grossa publicou um anúncio em um jornal local exaltando a atitude do general Antonio Hamilton Mourão, que ficou conhecido nos últimos dias por dizer que o Exército poderia intervir na política nacional.
O general afirmou que caso as instituições não conseguissem resolver o “problema político” do país, o Exército poderia “impor uma solução”. Muita gente leu nisso a defesa de uma nova ditadura militar no país.
Para a ACIPG, o general está certo, certíssimo. No anúncio, dizem os comerciantes e industriais que, de fato, “a política nacional chegou ao nível máximo de tolerância”. Os signatários “exigem” que o Judiciário dê conta do problema.
Leia mais: Quem é o general Mourão, que defendeu a intervenção militar
“Não podemos mais aceitar que negociatas políticas permitam que as mesmas pessoas continuem a levar o Brasil à ruína”, diz o texto.
Em seguida, o anúncio aplaude o general. “Há conforto em saber que existem brasileiros como ele, que acinda se preocupam com a nação e se disponibilizam a lutar pelo futuro. Assim, parabenizamos o general pelas suas palavras e reiteramos nosso apoio.”
Reação
O anúncio levou políticos da região a se manifestar publicamente. O deputado federal Aliel Machado, da Rede, publicou um texto nas redes sociais criticando duramente a associação.
“A ditadura não é remédio para a corrupção. Muito pelo contrário, a concentração de poder é ambiente propício para o uso do poder em benefício próprio. O sistema democrático de pesos e contrapesos é a única garantia de um sistema institucional de combate a corrupção”, disse o deputado.
“Nos conforta saber que Ponta Grossa não é isso. Nossa cidade merece respeito. Não será uma atitude reacionária e condenável que a fará perder a sua alma lutadora e esperançosa por uma democracia verdadeiramente inclusiva, justa e igual”, afirmou.
O deputado estadual Péricles de Mello, do PT, também se pronunciou. “O Brasil ainda não se recuperou totalmente da tragédia da ditadura militar imposta ao país entre os anos de 1964 e 1984 e não há a mínima razoabilidade em se propor a volta a um passado de terror”, disse.
“O desconhecimento histórico suscita por vezes o contrassenso de tentar sanar os problemas da corrupção no país propondo um regime que punia qualquer iniciativa de denúncia da vasta corrupção daquele período.” Péricles de Mello
Bolsa Família
A ACIPG já causou polêmica em 2014 ao defender que pessoas que recebem o Bolsa-Família não deveriam ter direito a voto. Presidente da associação, Nilton Fiori afirmava que a ideia era garantir a “lisura” das eleições, já que os beneficiários de programas do gênero poderiam ficar vinculados aos governos.
Depois de muita pressão, a associação voltou atrás.
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