A ideia de Aécio Neves de pavimentar uma pista de aeroporto do ladinho da fazenda de sua família não é só uma coincidência, claro, embora o candidato queira passar essa impressão. Não é também uma novidade. Políticos brasileiros são conhecidos por misturar o público e o privado, e há teses clássicas tentando explicar isso.
Aqui no Paraná, a Gazeta mostrou em 2011 como funcionam as coisas no Legislativo local. Quatro em cada cinco vereadores já haviam apresentado propostas na Câmara pedindo benefícios para a própria rua em que moravam. Não se tratava de melhorias no bairro ou simplesmente perto, mas sim na mesma rua. Havia quem pedisse placas proibindo estacionar em frente a seu prédio, por exemplo. Pior: a prefeitura atendia.
O caso que acabou ficando mais famoso foi o do ex-vereador João Claudio Derosso, autor de um requerimento para que se asfaltasse a rua de Xaxim que passavam em frente à sua casa. Ele negou interesse próprio e disse apenas que, se passava lá, não deixava de ser bom. Mas foi sem querer…
Aécio, ao dizer agora que errou ao usar o aeroporto mesmo sem ele estar liberado, tenta diminuir o problema que criou para si mesmo. Mas o erro na verdade não foi usar a pista. Foi investir dinheiro público onde obviamente ele não era necessário – e num local em que beneficiava nitidamente o atual candidato e sua família.
Pelo menos hoje isso traz problemas para os políticos. Tempos atrás, passaria batido.