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Aecistas e dilmistas: quem perder tem de saber aceitar a derrota
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Dentro de poucas horas, saberemos quem presidirá o Brasil pelos próximos quatro anos. Seja quem for, é importante que se ressalte: o resultado será legítimo. Não importa se você vai gostar ou não. Democracia não é isso. Democracia é aceitar que às vezes se perde, às vezes se ganha, e que daqui a pouco há nova chance de tomar outra decisão.

A campanha foi dura. Em certos momentos, desleal. Os candidatos jogaram pesado, as máquinas de propaganda chegaram a níveis assustadores de baixaria e, principalmente, os apoiadores de um e de outro partido falaram coisas de deixar ruborizado mesmo quem já tem a pele mais grossa de tantas eleições. Mas isso, depois de anunciado o resultado, será passado.

A campanha foi dura, mas não há nenhum sinal de que as regras mínimas para decidir o resultado tenham sido desrespeitadas. Fosse um jogo de futebol (eis um legado de Lula! as metáforas futebolísticas para a política!), teria sido uma partida com direito a carrinho por trás, joelhada nas costas e xingamento da família de cada jogador. Mas o juiz, até onde se sabe, não foi comprado. E assim o resultado, seja qual for, será justo.

É importante que a gente tenha isso na cabeça: é bom ganhar, mas mais importante é respeitar o resultado. Se Dilma ganhar, não adianta dizer que foi por causa do Bolsa Família, ou que ela ganhou com votos de quem não sabe votar, ou que ninguém mais aguenta o PT (o que, aliás, por definição não é verdade). Se Aécio for o presidente, não resolve nada ficar culpando os coxinhas, a classe média mal informada ou dizer que ninguém quer o PSDB de volta ao governo (outro absurdo retórico).

Quem ganhar terá o direito e o dever de governar e de fazer o melhor possível. Quem perder, e isso inclui você, meu amigo, minha amiga, deve fazer o melhor que puder para engolir em seco, suportar o resultado e, mais, fazer o possível para que o governo seja o melhor e mais eficiente que der. Torcer contra até pode, mas é de uma burrice colossal.

Sempre me lembro do discurso do republicano John McCain assim que ficou clara a primeira vitória do presidente norte-americano Barack Obama em 2008. A eleição nos EUA costuma ser tão cruenta quanto a daqui, ou mais. Dedo no olho, cusparada, rasteira enquanto o juiz não vê. Mas, depois de passada a eleição, o país precisa ser pacificado e se unir em torno de seus objetivo.s Foi o que McCain, um veterano de guerra que passou cinco anos nas mãos de inimigos vietnamitas, soube reconhecer.

Em seu discurso, sua primeira providência foi chamar Obama de “meu presidente”:

“Hoje à noite – nesta noite, mais do que em qualquer outra noite, não tenho em meu coração nada mais do que amor por este país e por todos os seus cidadãos, independente de eles terem me apoiado ou apoiado o senador Obama. Desejo boa sorte ao homem que foi meu adversário e que será o meu presidente.”

É isso que temos de entender. Se Aécio ganhar, será o presidente não só dos paulistas, não só da classe média, dos coxinhas, dos tucanos. Será o presidente de Dilma, de Lula, de João Santana e do sujeito que passou meses no Facebook tentando derrotar sua candidatura. Se for Dilma a presidente, será a presidente não só do pessoal do Bolsa Família, dos petistas, dos nordestinos mais pobres e dos esquerdistas do país. Será a presidente de Aécio, de Alckmin, de Beto Richa e dos que a odeiam com todas as suas forças.

Negar isso, ficar clamando aos céus para que mude o resultado ou detestar todos os eleitores de quem ganhar não resolve nada. Só nos torna um país pior e mais longe da civilização. Ou aceitamos a democracia e seus resultados ou estamos fadados a perdê-la.

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