Foto: Haddad: Lula Marques/PT/ Bolsonaro: Miguel Schincariol/AFP.| Foto:

Não é difícil entender por que o eleitor mais pobre quer a volta do petismo. Os governos de Lula foram um período de fartura. Vários programas facilitaram a vida das pessoas, que puderam entrar mais facilmente na universidade (ProUni, Pronatec), ganharam acesso a um mínimo de dignidade (Bolsa Família, renda mínima) e tiveram crescimento e emprego.

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E o que veio depois do PT foi a tragédia do governo Temer, que fez de tudo para arrochar a vida de quem já tinha pouco. Teto de gastos, reforma tributária, discussão de uma reforma da Previdência que teria sido tremendamente injusta. Como diria um cientista político, seria preciso ser acéfalo para não entender os motivos.

Também é possível entender, até certo ponto, racionalmente, o antipetismo. O governo do PT meteu a mão no jarro em grande estilo. Fraudou contas eleitorais, enfiou a mão em licitações, roubou a ponto de depreciar a Petrobras. E se recusa a admitir os malfeitos, como se tudo fosse natural, como se fosse parte do jogo, simplesmente.

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No entanto, o que é difícil de entender é por que, para ser antipetista, se tornou necessário, para tanta gente, ser contrários aos princípios mais básicos da civilidade e da civilização. A impressão é de que para se opor a um governo de esquerda que cometeu erros é preciso, na cabeça de certas pessoas, apelar para o pesadelo da esquerda: a extrema-direita.

Porque, convenhamos: a burrice tem limites. Ninguém olhando para Meirelles, Alckmin e Bolsonaro consegue achar que o capitão é o mais inteligente dos três. Ou o mais preparado. Tudo o que se pode dizer dele é que é, isso sim, o mais duro com a esquerda. O sujeito que defende os torturadores da ditadura seria o homem certo para se vingar do petismo.

Mas política não deveria ser vingança. Não deveria servir para jogar os outros no lixo nem para provar que, se quiser, você humilha o “outro lado”. Política deveria ser a arte de construir consensos. E estamos cada vez mais longe disso. Bolsonaro é um troglodita. Não serve para nada: suas teorias econômicas são nulas ou primárias, seu conhecimento de história é zero, sua capacidade de liderar é duvidosa.

Ainda não é tarde, porém. Há seis dias para que os antipetistas percebam que, com sua escolha atual, só estão botando no segundo turno um candidato radical, tolo e que dará de presente ao próprio PT a Presidência da República.

Há muita gente dizendo que votaria em Amoêdo ou Alckmin e que só escolhe Bolsonaro porque está na frente. Se todos tivessem juízo e voltassem a sua ideia inicial, o segundo turno poderia ser mais decente. Poderia ser livre do ódio, que corrói nosso país cada vez mais.

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