A divulgação do alerta dado pelo coronel Chehade Geha sobre o abuso de autoridade que evidentemente estava por acontecer no dia 29 de abril coloca o governador Beto Richa (PSDB) em uma situação ainda mais delicada. A cada vez que se descobrem novas coisas sobre os fatos daquela semana, mais fica claro que o governo tinha todas as condições de impedir o que acabou acontecendo.
As frases do coronel foram extraídas, segundo o Ministério Público, de mensagens de celular que ele mandou no dia 26, ao observar o plano de ação da Polícia Militar para conter os manifestante sem frente à Assembleia, e ao ver o clima que se armava para a votação da reforma da previdência.
“Acredito que estamos na iminência de cometermos um flagrante abuso de autoridade”, diz uma mensagem. “Não vejo como impedir o acesso de pessoas, caminhão de som, montagem de barracas no Centro Cívico. Nossa missão é garantir que a Alep [Assembleia Legislativa do Paraná] não seja invadida e, caso ocorra, reintegrar a mesma”, continua a mensagem. “Gostaria que reestudassem o que planejaram anteriormente”, diz o coronel (ver mais aqui).
O governo poderia ter tomado duas decisões. A primeira seria rever seu plano. Poderia ter evitado que 213 pessoas se ferissem, que professores apanhassem em praça pública, que um pit bull atacasse pessoas, que balas de borracha e granadas de efeito moral fossem atiradas contra a população. Não foi o que aconteceu. Mas é preciso deixar claro, pois é isso que evidencia a mensagem do coronel: trata-se de uma decisão consciente, de quem sabia o que ia ocorrer.
A opção foi pelo segundo caminho. Tirar quem estava no caminho – o coronel – e prosseguir exatamente como se pretendia. O que mostra, novamente, que se tratou de uma opção consciente, sabendo o que se obteria com aquilo.
Siga o blog no Twitter.
Curta a página do Caixa Zero no Facebook.