O senador Alvaro Dias (Podemos) decidiu apostar numa nova e inusitada estratégia para sua campanha presidencial: o messianismo alheio. É comum a figura do candidato que se acha enviado pelos céus para resolver os problemas da nação. Alvaro acha que o Messias é outro, e quer fazer o papel de João Batista.
Em entrevistas, debates e discursos, a primeira fala de Alvaro tem sido frequentemente dirigida à promessa de levar o Sergio Moro para o governo. Seria seu ministro da Justiça. A ideia seria “institucionalizar a Lava Jato”, o que parece igualmente improvável: como se institucionaliza uma operação policial?
Não cabe no figurino elegante de Alvaro a personagem de um Batista pregando de túnica no deserto e se alimentando de pequenos insetos. Também não combina com a imagem de alguém que tem a pretensão de ser presidente a ideia de alguém cujas sandálias ele não é digno de desamarrar.
Aliás, detalhe curioso: até ao vestuário de Moro Alvaro aderiu: compareceu ao debate da Band de paletó preto com camisa preta – crê, talvez, que o hábito faz o lavajatista.
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Mas é evidente a intenção de Alvaro de surfar na popularidade do juiz, principalmente junto ao eleitor de centro-direita. Moro se negou a sair candidato (no que fez muito bem), então Alvaro se arvorou em paladino da Lava Jato antes que alguém o faça.
Antes de mais nada, é preciso lembrar que Moro não tem nada com isso. O juiz jamais avalizou qualquer candidatura e já deixou claro em mais de uma ocasião que não fala sobre política partidária. Ninguém sabe em quem ele vota e ele não autoriza ninguém a falar em seu nome.
Alvaro é pastor de uma igreja cujo profeta se recusa a ungi-lo. Se os fiéis da religião vão considerá-lo santo ou herege, descobriremos com o tempo.
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