O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) parece estar tomando um caminho diferente da maior parte da oposição. Por ele, a presidente Dilma Rousseff (PT) não deve ser o único alvo de impeachment. Para ele, o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), poderá ir junto.
Segundo Alvaro, há pelo menos quatro decretos de suplementação de verbas sem aval legislativo assinados por Michel Temer. Se esse é o motivo alegado pela oposição para tirar Dilma da Presidência, é preciso usar o mesmo critério com Temer. “Por coerência”, diz ele.
“O Tribunal de Contas da União já reconheceu que houve esse ato do vice-presidente, quando estava interinamente no cargo, em 2014. Agora pedi que o TCU avalie o mesmo em relação a dois decretos assinados por Temer em maio e junho deste ano”, diz Alvaro.
Neste caso, não caberia o pretexto de que o crime de responsabilidade (caso haja) ocorreu em mandato anterior. Alvaro levou o pedido ao TCU nesta semana e ainda não obteve resposta. Dependendo, diz ele, o PSDB e a oposição deveriam tomar medidas contra o vice.
Segundo Alvaro, não se deveria fazer “cálculo político”, vendo qual a situação mais conveniente. “O que se combate é o erro, não a pessoa. Se o vice cometeu o mesmo erro, deve responder da mesma forma”, afirma.
Caso Dilma e Temer caiam, porém, há um problema: o próximo na linha sucessória seria Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Mas ele não assumirá porque também vai cair. Quem assume, provisoriamente, é o novo presidente da Câmara que será eleito”, diz o senador.
E se Cunha demorar a cair? “É impossível. O processo do Conselho de Ética é muito mais rápido do que o impeachment”, diz ele. Nesse caso, Alvaro prevê uma disputa entre três candidatos: um nome do PMDB, maior bancada da Câmara; um do PT; e um de Cunha, provavelmente André Moura, do PSC.
Quem quer que fosse eleito, nessa situação, precisaria convocar eleições presidenciais em 90 dias.
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