O pobre é que sofre. A frase é da babá Maria Angélica de Lima, em entrevista ao jornal Extra, do Rio de Janeiro. Ela se sentiu exposta pelos militantes que usaram sua imagem na manifestação de domingo como símbolo da situação social do país.
A foto ficou famosa: Angélica empurra um carrinho com dois bebês. À frente, os patrões caminham de verde e amarelo na passeata contra Dilma. Ela está de uniforme branco. Para completar a cena, ela é negra, os patrões e os bebês, brancos.
A imagem correu o país. De fato, mostra uma situação permanente de desigualdade social que, no Brasil, é intimamente ligada à cor da pele. O país ainda está na fase em que é comum haver quem tenha trabalhadores domésticos (na Suécia ou na Alemanha, por exemplo, isso é muito mais raro).
Angélica, assim, representava na passeata tudo o que os petistas queriam: era a chance de reafirmar que a manifestação era organizada por uma elite branca que deseja manter seus privilégios. Inclusive o privilégio de estar acima, socialmente, de trabalhadores domésticos negros.
Angélica não viu a cena assim. Disse ao Extra que achou a exposição desnecessária. De repente, diz ela, seu rosto estava exposto para todo o país. Seu nome. Seu emprego, sua vida. “Acho que não era para tanto”, disse. “Expôs até as crianças, que são tudo de menor”.
Para completar, disse que votou em Aécio. E que só não iria à manifestação (caso não estivesse a trabalho), porque de sua casa, em Nova Iguaçu, ficava muito longe. Mas não imagina que as coisas vão melhorar. “Ela [Dilma] saindo quem entrar vai continuar roubando. E quem sofre somos nós, os trabalhadores, a classe menor”, disse.
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