Mesmo depois de milhões de pessoas terem ido às ruas neste domingo; mesmo depois da condução coercitiva e do pedido de prisão de Lula; mesmo depois da delação premiada de Delcídio ter vindo a público; mesmo depois de tudo isso, deputados federais experientes dizem que o impeachment de Dilma no Congresso segue sendo difícil.
“Acho que se fosse hoje a votação, o impeachment não seria aprovado”, afirmou em entrevista à Gazeta do Povo o deputado federal Ricardo Barros (PP), experiente articulador que já trabalhou como vice líder de FHC, Lula e Dilma. Segundo ele, a votação vai depender do momento em que chegar ao plenário. “O que vai definir não é o que já foi revelado, e sim o que acontecer mais perto da votação”, diz.
Pensando que o momento pode ser o último em que o governo ainda tenha base mínima para evitar o impedimento de Dilma, o PT afirma, pelo menos em público, que não vai tentar adiar o processo. “Ao contrário do rito de cassação do Eduardo Cunha, queremos que tudo seja feito o mais breve possível. Não vamos protelar”, afirmou em entrevista à Gazeta o presidente estadual do PT,. deputado Ênio Verri.
Obviamente, há quem aposte que os votos para o impeachment já existem, como no caso do deputado federal Sandro Alex (PPS). “O governo tem 120 votos garantidos, que morrem junto com a Dilma. Os outros 50, precisa negociar. E o dia da votação teria transmissão nacional, pararia o país. Quero ver quem tem coragem de chegar no microfone e dizer ‘não”, diz o deputado. Segundo ele, a maior possibilidade do governo de evitar o impeachment seria na comissão, antes de o caso ir a plenário.
Recapitulando: o processo de impeachment depende de 342 votos, de 513 deputados. Se Dilma tiver apoio de 172 deputados, o processo não prossegue para o Senado. E esses 172 podem incluir, inclusive, ausências e abstenções. Depois de chegar ao Senado é que a presidente seria afastada. Mas isso depende também da aprovação de dois terços dos senadores: ou seja, 54 dos 81 votos.
Para o deputado federal João Arruda (PMDB), esse pode ser um fator que dificulte os deputados aprovarem o impeachment. Eles correm o risco de votar contra Dilma e verem o Senado rejeitarem o pedido. “Nesse caso, os deputados conviveriam por dois anos com o governo considerando-os como oposição, como inimigos”, diz.
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