Claro que não foi combinado. Mas, se fosse, teria sido a história política do século. O fato é que, do jeito que as coisas caminharam, PT e PSDB acabaram armando uma arapuca e tanto para a direita brasileira.
Os três mandatos consecutivos do PT no governo federal já seriam uma notícia ruim para quem quer o Brasil longe da esquerda. Afinal, o governo petista pode ser muita coisa (social-democrata? trabalhista? socializante?). Mas definitivamente passa longe do sonho da direita.
No entanto, quem parece ter o único projeto capaz de derrotar o petismo? O PSDB. De Fernando Henrique Cardoso. De Serra. De Aécio Neves. Convenhamos: não é, igualmente, o sonho da direita.
Falando claramente, o PFL, atual DEM, só se aliou ao PSDB em 1994 numa estratégia de quem se via à beira da derrota: já que não tinham como tomar o poder sozinhos, se aliaram a quem tinha a eleição quase certa. Deu certo. Quer dizer, mais ou menos.
Sem candidato próprio à Presidência desde 1989, o partido entrou num ciclo de dependência do PSDB. Que não tinha o projeto dos seus sonhos, mas era o que estava à mão.
Agora, com o PT ganhando uma eleição atrás da outra, o PSDB teve de começar a prometer, veja a ironia, fazer um governo social-democrata. Coisa que o nome do partido prometia, mas que não foi entregue justamente em razão da aliança com o PFL.
E o DEM agora sabe que, mesmo se bater o PT, chegará ao governo pelos cargos. A plataforma não será a sua.
Pior. Sem candidato federal, perdeu força nos estados. Em 2006, fez só um governador. Agora, dois. Mas nenhum em estado central (SP, MG, RJ).
Não tem como dar cargos a ninguém. E continua dependente do PSDB até para isso. Agora, fala-se em refundação. Ou em fusão. O certo é que o DEM está numa bifurcação. E não sabe para onde ir.
E, sem o partido jogando, quem faz as vezes da direita por aqui? O debate será entre o centro e a esquerda. A arapuca, se tivesse sido proposital, não teria dado tão certo para a esquerda.
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