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Assassinato de Malhães pode ser obra de radicais dos dois lados
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Marco Arcoverde - AE

O assassinato de Paulo Malhães tem tudo para virar um eterno enigma. E um enigma importante para a história do Brasil. O coronel, assassinado nesta quinta-feira, ficou subitamente famoso no mês passado quando deu depoimentos admitindo ter matado presos políticos durante a ditadura militar. À Comissão dea Verdade, confessou requintes de crueldade, como o evisceramento dos cadáveres para que sumissem em rios, além do corte de dedos e a extração de dentes. Tudo para dificultar a identificação dos desaparecidos.

O assassinato de Malhães, cometido em um sítio, tendo como testemunhas a mulher e um caseiro, tem aparência de crime comum. Os invasores do sítio diziam estar procurando armas. Colecionar, Malhães era a vítima perfeita nesse caso. e o armamento dele realmente desapareceu. Mas seria muita ingenuidade não ligar, pelo menos em hipótese, a morte aos fatos da ditadura e aos depoimentos recentes.

Se for um crime ligado à política, há duas versões bastante plausíveis. Numa, os militares envolvidos nos crimes de Estado pós-1964, estariam queimando arquivo. Malhães obviamente sabia muito e poderia falar mais. Podem nem ser os militares, mas talvez alguém interessado ideologicamente em ocultar os fatos da ditadura que ele poderia revelar.

A outra hipótese seria a de vingança. Alguém próximo às vítimas de Malhães ou talvez alguém revoltado com os crimes do coronel teria achado nele a vítima perfeita para mostrar que não deixaria mais uma vez os anistiados ficaram impunes. Em ambos os casos, claro, o crime é repulsivo e deve ser repudiado.

Obviamente um lado vai jogar a culpa no outro. A polícia dificilmente descobrirá algo. E a consequência mais evidente é que dificilmente mais alguém que saiba de algo abrirá a boca a partir de agora.

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