Os resultados da auditoria da Urbs poderão afetar vários aspectos da vida na cidade: desde a mobilidade até a economia. Ainda não se sabe, até porque a própria prefeitura ainda está tendo a cautela de afirmar que tem apenas “indícios” de irregularidades na licitação. Mas uma coisa é certa: a auditoria fez ver o quanto a alternância de poder é significativa para a cidade.
O grupo anterior permaneceu à frente da prefeitura (e da Urbs) por mais de duas décadas, de Jaime Lerner a Luciano Ducci. Durante a maior parte do tempo, manteve as empresas de transporte operando sem nem mesmo fazer licitação, embora a Constituição exigisse isso desde 1988. O grupo só foi se mexer já no mandato de Beto Richa, por pressão do Ministério Público.
Do lado de fora, é difícil fazer a fiscalização. Quem tem acesso pleno aos dados, além da própria prefeitura? O Tribunal de Contas? Mas os conselheiros etão aparentemente mais preocupados em criar diretorias (são 24, até a última verificação) do que em analisar contratos e editais. Os furos encontrados pela auditoria, pelo jeito, passaram em branco na vistoria dos indormidos conselheiros.
O Ministério Público costumeiramente, assim que surgem indícios de irregularidades, afirma que “vai abrir procedimento para investigar”. Mas na maioria das vezes fica só nisso. Se ninguém cobra, o caso vai ficando para trás, na pilha de situações a ser analisadas.
A Câmara de Curitiba poderia fazer esse papel. Mas sabe-se que os vereadores são os mais governistas dentre os políticos. Reféns da liberação de verbas para colocação de asfalto, para inauguração de uma obra no bairro, para tapar um buraco na rua, eles só fazem o que o prefeito mandar. Pelo menos, com a mudança de administração, os vereadores deixam de ter o incentivo de defender o gestor anterior com unhas e dentes.
Mas quem tem mesmo gente, condições e interesse em analisar a situação é o prefeito, quando não tem nenhuma relação com o antecessor. É ele que tem assessoria técnica, acesso a qualquer documento necessário e poder de fogo para montar um grupo de estudos de peso. Fruet até agora usou isso a seu favor. Não se sabe até onde irá. Mas já é um indício de que trocar de grupo político, de vez em quando, faz bem.
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