Por Chico Marés, interino
A Câmara de Curitiba voltou a ter cenas de baixaria na sessão desta terça-feira. Os vereadores Professor Galdino (PSDB) e Paulo Salamuni (PV) discutiram no meio do plenário, e tiveram que ser separados pela turma do deixa disso. Galdino já havia protagonizado cenas desse tipo antes: em 2013, ele teria se jogado no chão para simular uma agressão (o vereador diz que caiu devido a um empurrão), após desentendimento com Felipe Braga Côrtes (PSDB).
Tudo começou quando Galdino foi a plenário criticar os vereadores por aprovar a adesão de Curitiba ao Consórcio de Informática na Gestão Pública Municipal (CIGA). O vereador acusou os outros parlamentares de votarem junto com o prefeito “porque tem cargos na prefeitura”. Ele disse, ainda, que era “diferente dos outros vereadores” e que a base aliada estava “sendo coerente com o prefeito, mas não com a população”.
Serginho do Posto (PSDB) subiu ao plenário logo depois para defender o projeto. Do plenário, porém, Galdino interrompeu o vereador e, incitado por um assessor, o acusou de ter cargos que o beneficiam na Administração Regional do Cajuru. Ele disse, ainda, que o colega estava traindo o PSDB e deveria ir para o PDT, do prefeito Gustavo Fruet.
Galdino falou, ainda, que recebeu 13 mil votos, o que seria suficiente para eleger “cinco ou seis vereadores” – na verdade, o coeficiente eleitoral foi de cerca de 24 mil, ou seja, 13 mil votos não elegem um vereador sequer.
Salamuni tomou as dores de Serginho e foi interpelar Galdino no meio do plenário. Os dois se encararam e trocaram ofensas, mas não foi possível ouvir exatamente o que estavam dizendo. De suas cadeiras, vários vereadores gritavam que o tucano iria se jogar – em referência ao episódio com Braga Côrtes. No fim, Tiago Gevert (PSC) e Carla Pimentel (PSC) tiveram que escoltar Galdino para fora do plenário e a sessão continuou sem ele.
Galdino não mente quando diz que vários vereadores são responsáveis por indicar nomes à prefeitura. É uma prática mais velha que andar para frente: infelizmente, é com esse toma-lá-dá-cá que as grandes bases parlamentares são construídas, na prefeitura, no governo do estado ou no governo federal.
Porém, ele comete dois erros cruciais. Primeiro, é não dar “nomes aos bois”, não apontar quem recebe cargos, por quê, onde e como foram essas nomeações. Assim, a crítica fica vazia.
Segundo, é se colocar como único vereador independente no plenário. Ao contrário do que diz, ele defende, sim, interesses políticos (tão legítimos quanto os dos vereadores da base, diga-se de passagem) de várias instituições – a começar, seu próprio partido. Esse tipo de comportamento só reforça a imagem de um vereador folclórico.
Uma pena. Atualmente, algumas das ações mais interessantes de fiscalização da atual gestão da prefeitura partem de seu gabinete – neste ano, ele apresentou um número considerável de pedidos de informação bastante relevantes, por exemplo. Enquanto ele continuar com esse comportamento errático no plenário, porém, é difícil que alguém leve suas ações a sério.