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Imagine que você vai jogar Banco Imobiliário e descobre que você tem um par de dados diferente do usado pelos outros jogadores. Os teus dados têm apenas o número um. Imagine que você também começa com menos dinheiro do que alguns jogadores. E que um dos competidores tem uma carta perpétua de saída da prisão.

O Observatório das Desigualdades da França fez um experimento desse gênero com crianças. Determinou que alguns jogadores começavam a partida com 750 euros, outros com 1,5 mil. Um jogados começava já tendo casa e terrenos. E, mais cruel, um menino com deficiência ficava impedido de comprar a estação ferroviária.

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A ideia, claro, era mostrar que as desigualdades marcam a vida real das pessoas. Ao contrário do que acontece na maior parte dos jogos de tabuleiro, em que normalmente todos começam do ponto zero e em condições iguais, na vida real há quem já comece bem adiantado: com pais mais ricos, por exemplo; ou sem pertencer a grupos que são vítimas de preconceitos; ou sem deficiências físicas.

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As crianças, assim que sabem das regras, reclamam: “Isso não é justo”, elas dizem, assim que ficam sabendo de cada desigualdade. A diferença é que na vida real ninguém diz claramente que as diferenças vão operar dessa maneira. Você descobre batendo com a cabeça na parede. E, quando reclamam, ainda dizem que você está louco, ou que está exagerando. Que é mero mimimi e que quem se esforça sempre chega aonde quer.

O diretor-executivo da agência que fez o filme, a Herezie, Baptiste Clinet, disse que “mais do que em qualquer outro momento, depois do primeiro turno da eleição francesa, precisamos discutir a questão da desigualdade na França, Para expressar esse problema da forma mais simples – de uma maneira que todo mundo entenda – esse ezperimento social filma a reação de crianças quando se deparam com a desigualdade.”

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O experimento e o vídeo foram feitos para discutir a desigualdade na França, pouco antes do segundo turno para a escolha do presidente do país.

Ao final do vídeo, aparecem algumas estatísticas da situação social francesa hoje:

– Na França, quando procuram casas, só 14% das minorias étnicas têm respostas positivas,

– 66% das pessoas com renda mais alta têm casa própria, contra 16% das pessoas de mais baixa renda.

– Pelas mesmas violações, pessoas com mais baixa renda têm três vezes mais chance de serem condenadas.

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– Hoje na França só 30% das estações de trem são acessíveis para pessoas com deficiência.

– Crianças de famílias pobres avançam mais lentamente na escola e 35% já repetiram uma série aos 14 anos.

– Independente do trabalho, as mulheres ganham 23% menos que os homens.

“É hora de mudar as regras”, diz o texto.

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