Beto Richa fica com fatia menor do bolo da Copel.| Foto:

Nos seis anos de governo Beto Richa, a Copel entregou a seus acionistas R$ 1 bilhão a mais do que o exigido por lei. A política de divisão mais agressiva de lucros foi adotada pelo governo, segundo o próprio Beto Richa, porque o caixa estadual precisava de um reforço num momento de crise. Como principal sócio da estatal, o governo do Paraná é o maior beneficiário dessa política.

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Por lei, a Copel precisa repassar um mínimo de 25% a seus acionistas. O porcentual é calculado com base no lucro líquido da empresa. Esse era o montante repassado nos anos do governo de Roberto Requião, por exemplo. No entanto, os acionistas podem decidir distribuir uma fatia maior. E desde 2010, quando Orlando Pessuti assumiu, vem sendo feito quase todos os anos.

Em 2011, primeiro ano de Beto Richa no governo, a Copel distribuiu 35% do seu lucro, porcentual mantido no ano seguinte. Em 2013, pela primeira vez a companhia destinou 50% dos lucros aos sócios. A estratégia se repetiu em 2014, ano de reeleição em que o governador dizia, na tevê, que o estado estava com as contas em dia e que “o melhor estava por vir”.

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Em 2015, a Copel voltou aos 25% de repasse, assim como grande parte das companhias de energia, num ano particularmente ruim para o setor. E agora, na hora de decidir a distribuição de dividendos referentes a 2016, o governo reverteu uma decisão do Conselho de Administração e resolveu que a Copel precisa dividir 50% dos lucros.

Há registros nas atas de que vários acionistas minoritários reclamaram da política, afirmando que ela traz riscos para a companhia. Luiz Eduardo Sebastiani, diretor indicado pelo governo para a Copel, chegou a dizer o mesmo e a votar contra o repasse maior. Ele deve ser afastado do cargo nos próximos dias, embora Richa que esse não é o motivo.

Desde 2011, a Copel já distribuiu cerca de R$ 2,7 bilhões aos acionistas, incluído aí o repasse a ser feito até o mês que vem, referente a 2016. Caso seguisse a estratégia de destinar apenas 25% aos sócios, mantendo o restante para reinvestimento ou pagamento de dívidas, por exemplo, só precisaria ter distribuído R$ 1,7 bilhão.

O governo do Paraná, na gestão Beto Richa, recebeu R$ 726 milhões da empresa. Se tivesse optado por votar sempre a favor da distribuição de 25%, teria recebido R$ 308 milhões a menos.

O governador nega que a política ponha a empresa em risco. “O estado passa por dificuldades impostas pela crise nacional sem precedentes do país. E isso nos obrigava a requisitar os dividendos de algumas empresas públicas”, disse. “Mas sem jamais prejudicar a solidez da Copel, que vem fazendo um investimento recorde no nosso governo”, disse na semana passada.

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Veja quanto a Copel distribuiu de lucros desde 2011:

 

2011 – R$ 421 milhões
2012 – R$ 268 milhões
2013 – R$ 560 milhões
2014 – R$ 622 milhões
2015 – R$ 326 milhões
2016 – R$ 506 milhões

Total – R$ 2.705 milhões

Quanto o governo recebeu:

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2011 – R$ 124 milhões
2012 – R$ 79 milhões
2013 – R$ 166 milhões
2014 – R$ 184 milhões
2015 – R$ 96 milhões
2016 – R$ 75 milhões

Total – R$ 726.886

Quanto o governo recebeu além do mínimo:

2011 – R$ 35,6 milhões
2012 – R$ 22,6 milhões
2013 – R$ 83.2 milhões
2014 – R$ 91,9 milhões
2015 – R$ 0
2016 – R$ 75 milhões

Total – R$ 308 milhões

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