O grande nó da eleição no Paraná até agora – não é novidade para ninguém – é a situação de Beto Richa. Se ele fica no governo até o fim, a situação é uma – a candidatura de Cida Borghetti praticamente perde a importância. Se ele sai para disputar o Senado, Cida e Ricardo Barros entram bonito na disputa.
Isso influencia todo o resto. Ratinho, sem Cida no páreo, vira candidato único de situação, e vira o homem a ser batido. Para Osmar Dias, trata-se de enfrentar dois candidatos fortes ou só um. E, em última instância (caso Requião não entre na disputa), a eleição pode se reduzir a turno único, entre Osmar e Ratinho.
Por isso, tudo depende do jogo de Beto. E o problema é que ele tem que pesar muitos riscos em cada uma das duas hipóteses.
Se ficar no governo:
1- Necessariamente, Beto fica sem mandato pelo menos até 2023. Muita coisa para quem pretende continuar no jogo.
2- Fica dependendo de Alckmin ganhar a eleição para ter chance de ser ministro.
3- Estraga a campanha do filho e do irmão, que teriam de abrir mão da chance de se eleger neste ano.
4- Fica sem foro privilegiado.
5- Perde importância pelos próximos anos, e pode ver seu grupo político debandar.
6- Mas, pelo menos, comanda o seu processo sucessório.
Se sair:
1- Nada garante que ele se eleja senador.
2- Bota tudo nas mãos de Ricardo e Cida, que podem puxar seu tapete rapidinho.
3- Vê seu grupo dividido desde já.
4- Se for eleito para o Senado, não se sabe se gostará de ser senador.
5- Perde o controle do processo de sucessão.
6- Mas, pelo menos, pode manter cargo, importância e foro.
O problema, aparentemente, é que Beto Richa não consegue confiar em Ricardo Barros. O problema não é Cida, a vice. E sim o seu articulador, visto pelo Palácio como um sujeito que pode virar o cocho a qualquer momento em troca do troféu maior – o governo do estado pelos próximos quatro anos.
Por isso Beto não tem como dizer desde já que seu plano é, de fato, sair. Por isso ele tem que fazer o jogo que está fazendo, de mandar sinais ambíguos o tempo todo, para manter as pessoas em dúvida. E, principalmente, para Ricardo Barros não achar que tem o jogo na mão.
Trata-se, pelo jeito, de um jogo de sério. Beto quer que Ricardo pisque primeiro. E, em nome do mandato-tampão da mulher, a partir de abril, aceite qualquer acordo que Beto lhe oferecer.
Até agora, ninguém piscou. E faltam menos de dois meses. Beto pode, na última hora, fazer como Alvaro Dias, e decidir ficar. Mas não parece provável. Tudo indica que haverá um acordo, mas vai ser suado. E nós nunca saberemos quais termos foram acordados.
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