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Beto Richa. Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo.
Beto Richa. Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo.| Foto:

Beto Richa, claro, pode ser inocente. Pessoas com mais processos já conseguiram mostrar sua inocência. E, estando em uma democracia, temos de dar ao governador o direito de se defender. Sair atirando para matar em suspeitos é coisa que alguns aliados do governador defendem, mas não este blog.

No fim das contas, pode ser que Richa jamais tenha pedido para que se desviasse um tostão das obras em escolas públicas – e que tenha assinado todos aqueles aditivos com a Valor por uma dessas coincidências da vida. Quem nunca assinou aditivos milionários sem saber o que estava fazendo?

Pode ser que, como disse o governador num áudio vazado nesta semana, ele seja vítima de uma conspiração de “poderosos”. Embora não se saiba quem tenha interesse nessa conspiração, nem por quê. Talvez a Rede Globo esteja agindo para devolver Roberto Requião ao Palácio Iguaçu, ainda não se sabe.

Os “poderosos” de Beto por enquanto parecem uma entidade tão abstrata quanto as supostas “forças ocultas” que derrubaram Jânio. No caso de Jânio, quem o derrubou foi ele mesmo. No de Beto, o governador nem caiu nem parece que vá cair. Só existe, segundo ele, a conspiração. E como conspiram.

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A trama envolve a Odebrecht, que admitiu ter dado dinheiro ilícito para a campanha; envolve o Gaeco, que prendeu um parente (distante!) de Beto fazendo fraude em licitação do governo; envolve uma empreiteira local, que admitiu um esquema de desvio de verbas supostamente comandado pelo governo; envolve delatores da Receita Estadual.

Estranhamente todos mentem. Todos “inventam historinhas” e sempre contra Richa. Pode acontecer. Existem coisas mais estranhas do que a própria ficção é capaz de imaginar.

Mas pelo menos de uma coisa Beto parece ser culpado: de uma generosidade sem limites para com aqueles que cometem erros, com os que são denunciados, delatados, com os que enfrentam inquéritos, processos criminais, ações de todo tipo; com os que batem em professores e em manifestantes; com os que roubam dinheiro público.

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Uma generosidade que teve seu melhor exemplo no caso da Sogra Fantasma. Não havia o que negar: Ezequias Moreira, servidor ligado a Beto, chegou a devolver o dinheiro, admitindo o crime. Beto, citando uma Bíblia imaginária, disse que “perdoava o pecador, mas não o pecado”.

Nessa Bíblia a que só a imaginação do governador tem acesso, a ordem de algum apóstolo deve ter sido a de buscar seus ministros em meio ao lamaçal. O próprio Ezequias, e a pergunta é sincera: alguém, desde que o governo começou, já ouviu falar no nome dele sem que na mesma frase houvesse um escândalo?

No governo já houve assessor preso por pedofilia; amigo de dividir carro pego em operação na Receita; primo (distante!) preso em Londrina; empreiteiro (que o governador nunca viu!) preso dizendo que fechou negócios na casa do governador; denúncias (com gravações) de que a primeira-dama usava a Receita para forçar empresários a lhe dar cobertores; dois presidentes do partido do governador (um partido, admitamos, nem tão distante) encrencados com delações; e nada menos que três denúncias diferentes de caixa 2.

Sem contar as duas denúncias de caixa 2 nas campanhas para prefeito.

Richa tem todo o direito de se defender. Mas seu gosto por andar com gente de reputação duvidosa, de escolher para estar a seu lado sempre os que são pegos com a mão no jarro, não parece falar muito a favor de seu caráter.

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