O governo Beto Richa vetou o projeto que criaria uma semana dedicada à literatura paranaense nas escolas. Os deputados já tinham aprovado a proposta, mas o Executivo achou que não era o caso.
A justificativa da Secretaria de Educação, que fez o parecer sobre a lei, era de que se tratava de uma possível “coação”. Se o professor quiser trabalhar em sala de aula textos de autores paranaenses, que o faça, mas não por lei. Que cada escola faça como achar melhor.
Há um elemento cômico evidente quando o governo Richa, que feriu 213 pessoas em uma manifestação de professores na base de bombas e tiros de borracha, fala que não quer coagir os professores. No mínimo, trata-se de uma novidade, senão de um paradoxo.
Mas ultrapassando esse fato, há que se discutir a questão a sério. Evidente que há coisas que não devem ser impostas pelo Estado aos professores. Principalmente quando se trata de projetos, como o Escola sem Partido, que tiram a liberdade do professor não em uma disciplina, em um tema, em uma semana, mas na sua atuação profissional como um todo.
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Por outro lado, é igualmente evidente que há um currículo que deve sim ser imposto. Ora, alguém há de definir quais são os conteúdos de matemática que os alunos de tal série devem estudar; quais são os temas que entram necessariamente na aula de História; e isso também vale para a literatura.
O Paraná é o quinto maior estado da federação. Tem mais de 11 milhões de habitantes, é maior do que muitos países do continente. Tem uma produção literária tremendamente interessante. Há desde medalhões, como Trevisan, Tezza e Leminski, até uma infinidade de nomes novos.
Se nem sempre é bom impor, às vezes é prudente pensar em destacar a cultura local. É normal que os países adotem cota de tela para o cinema, exigindo que cada sala exiba uma quantidade mínima de filmes nacionais. Ou a indústria morre.
No caso da literatura paranaense, muitos autores acabam passando despercebidos para os alunos, que só vão descobrir gente da estatura de Jamil Snege ou W. Rio Apa na universidade ou se tiverem a sorte de ter alguém que os apresente a essa literatura.
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