O governador Beto Richa é cúmplice do Tribunal de Justiça na demora que levou Ezequias Moreira a escapar impune de um crime de meio milhão de reais. Tendo admitido o furto e devolvido o dinheiro, seria quase impossível imaginar que o réu escapasse de alguma pena. De qualquer pena que fosse. Mas não é assim que as coisas funcionam na província.
O que levou Ezequias a não passar um dia sequer pagando pelo que fez foi a demora no julgamento. E aumentar a demora era a intenção evidente de Beto Richa, que se esforçou como pôde para salvar a pele de um amigo de muitos anos. De alguém que conhece na intimidade. De um de seus principais conselheiros.
À beira do final do processo, Richa arranjou um cargo maluco e desnecessário para Ezequias no primeiro escalão: secretário especial de Cerimonial e Relações Internacionais. O popular Aspone. No mesmo andar de Richa e com salário de cinco dígitos, Ezequias, que nunca fez outra coisa em governos que não fosse articulação política, supostamente organiza receptivos.
Richa jura que não sabia que o processo que podia condenar o amigo estava prestes a acabar. Foi pego de surpresa, vejam só, ao ser informado disso logo depois de criar a sinecura que levou o processo a uma paralisação de mais de um ano. E que arrastou a decisão final de 2013 para 2017, o que ajudou imensamente na prescrição do caso.
Richa sempre diz ser implacável com a corrupção. Não bastassem a Publicano, a Quadro-Negro e a Voldemort para colocar isso em dúvida, o governador fez o que estava a seu alcance para livrar da punição um réu confesso que botou no bolso dinheiro do meu e do teu imposto, que enriqueceu ilicitamente com verbas públicas.
E que deve estar rindo tranquilo, sentado nas confortáveis cadeiras do Palácio e gozando dos privilégios que cabem apenas aos amigos do rei.
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