O professor Adriano Codato, do Observatório de Elites Sociais e Políticas do Brasil, fez um rápido levantamento e descobriu que há nesta campanha 885 candidatos policiais em todo o Brasil. Em uma separação por partidos, Codato chegou à conclusão de que a maioria concorre por partidos de direita (e principalmente por partidos pequenos de direita).
Ainda não há, que eu saiba, estudo explicando a correlação entre uma coisa e outra. Ou seja: por que policiais preferem partidos de direita, e pequenos. Nem mesmo de por que há tantos policiais candidatos. Mas é possível tentar fazer algumas especulações.
A primeira delas é de que policiais saem candidatos porque há alguns casos em que seus pares obtiveram sucesso recentemente. Não só se elegeram como se elegeram exatamente fazendo o discurso de que são capazes de levar o Brasil a ser um Estado mais seguro, onde a lei e a ordem predominem.
Em 2010, por exemplo, o delegado Fernando Francischini, neófito, se transformou no terceiro deputado federal mais votado do Paraná prometendo castrar quimicamente os estupradores e pregando a pena de morte no país. Em 2012, na campanha de Ratinho, reapareceu dizendo que não passava a mão na cabeça de bandido.
Essa votação e o sucesso do discurso podem ter a ver com muitas coisas. Uma delas, evidente, é a bagunça da segurança pública no Brasil e os altos índices de criminalidade (além dos altos índices de impunidade). Ou seja: o sujeito fica feliz de ver alguém prometer lei, ordem e pau nos bandidos.
Assim, quanto mais linha dura, melhor. Na mesma linha dos programas policialescos, que aliás também elegem muita gente, como Roberto Aciolli e seu filho, Cristiano Santos, entre tantos outros. E aí talvez entre um pouco a explicação para o discurso da direita.
O “programa” desses candidatos que se elegem garantindo que trarão paz nas ruas frequentemente é do tipo repressivo. Mais armas, menos direitos humanos, por assim dizer. É o pessoal que reclama da lei atual de maioridade penal e que acha que o cidadão de bem precisa se armar.
O candidato policial, assim, não quer fazer o discurso mais longo de que é preciso rever programas sociais, repensar a estrutura do Estado, diminuir a intolerância, recuperar os presos. O negócio dele (claro que é especulação, e deve haver muitas exceções) é prometer ação rápida contra os criminosos.
Funcionará? Aqui no Paraná, por exemplo, há mais delegados tentando uma vaguinha no Congresso e na Assembleia. Veremos daqui a uma semana se a bancada da bala prosperou.