A Câmara de Curitiba acaba de publicar, nesta quarta-feira, um texto sensacional da jornalista Fernanda Foggiato sobre os negros escravos que viveram na cidade. A reportagem, com base em documentos históricos, mostra como eram tratados os escravos que fugiam de seus donos, e o que se pensava sobre os negros nos século 18. O site da Câmara informa que a jornalista Michelle Stival da Rocha colaborou na pesquisa.
Vale reproduzir aqui o trecho inicial do texto.
A Câmara Municipal de Curitiba recebeu, em 1746, a ordem real para fabricar um carimbo com a letra “F” que marcaria com ferro em brasas os escravos fugidos e seria guardado na arca da Casa. O alvará em forma de lei de D. João V foi uma resposta aos “insultos” cometidos no Brasil pelos chamados calhambolas, que se refugiavam nos quilombos.
“Preciso acudir com remédios que evitem esta desordem: hei por bem que a todos os negros que forem achados em Quilombos, estando nelles voluntariamente, se lhes ponha com fogo hua marca em hua espádua (região posterior do ombro) com a letra ‘F’”, diz o documento, registrado nos livros da Câmara de Curitiba no dia 7 de novembro de 1746. Se o escravo já tivesse a marca, a determinação antes de levá-lo para a cadeia era para que lhe cortassem uma orelha “por simples mandado do juiz de fora ou ordinário da terra ou do ouvidor da Comarca, sem processo algum e só pella notoriedade do facto”.
Além da fabricação e armazenamento do carimbo, a Câmara recebeu a incumbência de nomear capitães-do-mato para a caça aos calhambolas (definidos como “aquillombados e vadios”), com a ajuda de negros, carijós ou bastardos. Se o escravo resistisse, a ordem real era clara: atirar e matar, sem o mínimo receio. Ao transcrever o registro do alvará em forma de lei à Câmara, o então diretor do Arquivo Municipal de Curitiba, Francisco Negrão, registrou, em 1924: “O negro não pertencia a especie humana: era animal”.
Quem quiser ler mais, favor prestigiar o belo trabalho aqui.
Guerra do álcool: tamanho do novo imposto opõe fábricas de cerveja e cachaça
70 mil trabalhadores e bilhões de dólares: rio da China é construção mais cara do mundo
Frases da Semana: “A população não está preparada para votar naquilo que é bom, bonito e agradável”
ONU afirma que sua base no sul do Líbano foi invadida por Israel
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião