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Imagine a carreira política de Lula como uma curva. Seria a curva ascendente mais impressionante da história política brasileira, saindo do nada nos anos 1970 para a presidência de um sindicato; chegando à Constituinte de 1988 e ao segundo turno presidencial em 1989; chegando à eleição de 2002 e culminando numa popularidade inédita para um presidente na época em que saiu do cargo, em 2010.

Seria normal imaginar que esse movimento estonteante teria um limite. Mas não necessariamente que caminharia para uma queda. A resistência ao baque do mensalão, em 2005, parecia mostrar que Lula era inabalável. A eleição de Dilma, um zero à esquerda antes dele, transformou-o num mito.

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A partir da Lava Jato, a coisa mudou;. O mito virou humano. O humano virou frágil. E agora, acuado, apelou para um expediente baixo para não ser preso. Não que sua prisão, neste momento, fosse justa: o pedido de preventiva assinado pelo MP de São Paulo tem argumentos pífios. Mas podem urgir outros: há mais investigações em curso.

O fato é que para qualquer outra pessoa no país chegar à Casa Civil é o auge de uma carreira. Para Lula, é a parte mais brusca de sua queda. Pode bem ser que, com seu talento político para a negociação, aproveite a crise para se reerguer. Nada em política é impossível. Mas, nesse momento, ele virou uma patética sombra do mito que já foi.

Pouco antes de morrer, Sérgio Motta, homem forte do governo FHC, deu um conselho ao presidente: “Não se apequene”. Servia para Fernando Henrique, serve para qualquer político. Lula ignorou o conselho. Apequenou-se e decepcionou uma legião de fiéis eleitores.

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