Alguns candidatos a vereador em Curitiba começam a dizer que vão trabalhar de graça caso sejam eleitos. Sabendo que a população está cansada de impostos e que vê os políticos muitas vezes como sanguessugas de dinheiro público, apelam para o extremo oposto.
Há situações diferentes. Um candidato da Rede Sustentabilidade, por exemplo, afirmou que não vai custar um tostão ao município porque já tem um bom cargo em outra área da administração pública. Concursado, receberia por lá, aliviando os cofres da Câmara.
O fato, porém, é que o dinheiro sairá dos cofres públicos, e como compensação por um serviço que não estaria sendo prestado durante esses quatro anos. Mais: não se trata de altruísmo, já que muitos cargos públicos pagam mais do que a Câmara.
Outro candidato famoso diz que vai doar integralmente seu salário para instituições de caridade, já que ele, ganhador de R$ 1,5 milhão em um programa de tevê, não precisa do dinheiro.
O próprio fato de o vereador ou candidato alardear que está fazendo caridade com dinheiro público pode ser visto como uma maneira de retomar o velho clientelismo – se fosse por caridade mesmo, faria em silêncio; como torna público, é porque quer receber votos por isso.
Os curitibanos ficaram revoltados nessa legislatura quando um vereador disse que “pagava para trabalhar”. Ele quis dizer, na verdade, que pagava para fazer caridade, e com isso se reeleger. Os novatos que prometem não custar nada parecem estar indo no rumo inverso, mas fazem o mesmo: fazem caridade com dinheiro público para se reeleger.
O salário dos vereadores não é um problema. Ganham bem, sim. Mas se fizerem o que são pagos para fazer, estará barato. O que não faz sentido é ter um gabinete superinchado, fazendo campanha em tempo integral para a reeleição. Disso alguém abrirá mão?
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