Carrinheiros perdem cavalo sem indenização; voltamos a depender 100% da tração humana

A prefeitura de Curitiba tem como slogan “Uma cidade mais humana”. Nesta terça-feira, porém, a pedido do prefeito Gustavo Fruet (PDT) a Câmara da cidade aprovou uma proposta que beneficia os animais, mas pode prejudicar humanos.

Os vereadores, por unanimidade, aprovaram projeto que prevê a proibição de uso de carroças e cavalos dentro da cidade. O objetivo é nobre: evitar que carrinheiros abusem dos cavalos. Alguns estariam sendo usados de maneira indevida, passando por sofrimentos devidos à sobre carga de trabalho.

Muito bem.

O problema é que agora o mesmo serviço que era feito pelos cavalos terá de ser feito por humanos. O mesmo sofrimento que enfrentavam os animais terão de enfrentar seus donos. Proíbe-se a tração animal, volta-se exclusivamente à tração humana.

Os 36 vereadores votaram a favor. A Professora Josete (PT), porém, disse que seria desejável que a prefeitura incluísse, antes da segunda votação, alguma forma de indenização às pessoas que perderão seus cavalos.

Em tese, a prefeitura disse que estava pensando em algo. Mas isso, por incrível que pareça, não consta do projeto.

A Câmara de Curitiba sempre vota desapropriações de terrenos, por exemplo. Já imaginou o escândalo se não houvesse no projeto um valor definido pela propriedade? Seria, no mínimo, chamado de confisco pelos senhores vereadores. Com razão.

Imagine a diferença, porém: os carrinheiros, muitas vezes, têm no cavalo a sua única propriedade. Sofrerão o confisco? Ou simplesmente dependerão da boa vontade da prefeitura, do fio do bigode de quem disse que um dia dará algo em troca pelos animais?

Além de tudo, estamos falando de uma população que faz um trabalho importante para a cidade, que a própria prefeitura não consegue fazer. Historicamente, dois terços do lixo reciclável da cidade é retirado das ruas pelos carrinheiros.

Beneficiados, com essa história, foram os animais. Os humanos perderão sua ´propriedade (que será confiscada se for posta na rua) e voltarão a ter de usar sua própria tração – bestas de carga humana numa cidade que se orgulha de ajudar os animais.

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