O governo Beto Richa anunciou nesta quinta-feira uma medida emergencial para um problema com o qual conviveu pacificamente durante seis anos e meio: a superlotação em cadeias tragicamente desumanas. Pressionado pela explosão iminente do sistema, o governo optou novamente pela “pior solução possível“, nas palavras do Conselho da Comunidade. Escolheu os “shelters”: depósitos de gente feitos de concreto.
A situação das cadeias é lúgubre. Recentemente, o 8.º DP, no Portão, estourou numa tentativa de fuga. Superlotados, em meio à imundície, arrebentaram uma porta. Dois morreram no processo, que devastou o local. Os remanescentes foram transferidos para o 11.º DP, na CIC. Lá, ficaram 171 pessoas num espaço previsto para, no máximo, 40.
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Uma inspeção revelou que não havia condições de ninguém ficar lá. Os presos defecam em marmitas, urinam em latões, convivem com ratos e baratas, dormem em sistema de revezamento em colchões molhados de urina, não têm ventilação ou qualquer tipo de dignidade. Evidentemente, não demorou a haver problemas de segurança também lá: os carcereiros vivem um pesadelo permanente.
Nesta quinta, o governo, que há anos enrola para entregar celas e que convive com a tortura nas celas nojentas como se a questão não existisse, “descobriu” o problema e decidiu agir “emergencialmente”. Encomendou 600 vagas em “shelters”, um nome bonito para aquilo que, nas palavras da advogada Isabel Mendes Kugler, do Conselho da Comunidade, são contêineres de concreto.
A prática já vem do governo Requião, que também levou oito anos para, no fim, descobrir que não tinha conseguido esvaziar as cadeias. Beto vai pelo mesmo caminho. Agora, chegou à conclusão de que a promessa feita no primeiro mês de gestão, em 2011, não será cumprida nunca, pelo menos até que ele deixe o governo.
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