O Brasil ficou um longo tempo fingindo que nada de errado acontecia no Irã. Negociando com o país como se o mais importante fosse o comércio. Elogiando o governo, como se o mais importante fosse “criar alternativas a Washington”.
Aí o que acontece? Descobre-se que o país pode estar produzindo armas atômicas.
Aí o que acontece? Descobre-se que o país condena mulheres à morte por apedrejamento.
Aí o que acontece: descobre-se que o país está censurando livros, inclusive livros brasileiros.
Não há nenhuma surpresa nisso. O Irã é uma ditadura, e é isso que ditaduras fazem. Prendem, matam, arrebentam, censuram. O fato é que nós tentamos tapar o sol com a peneira.
Alguém já disse que o nível de democracia de um país pode ser medido pelo grau de liberdades que têm os artistas. Se não se pode escrever livremente, tudo caminha para a ditadura.
No Irã, a proibição dos livros de Paulo Coelho é só mais um passo. E não adianta fazer piadinhas com a qualidade dos livros proibidos. Que sejam péssimos, não importa.
Voltaire já dizia que não precisava concordar com o que o outro estava dizendo para defender até a morte o direito de que aquilo fosse dito livremente. Pouco me importa nunca ter lido Paulo Coelho. Ele tem de ter o direito de escrever, publicar e ser lido, sempre.
Onde isso não puder ocorrer, há um problema. E o papel do Brasil, como uma democracia, é enfrentar ditaduras. Não dar tapinhas nas costas, como se fez até aqui.
Parece que Dilma tem um pouco mais de juízo nessa área do que Lula. Tomara. Ou daqui a pouco vamos ser cúmplices de barbáries como essas.
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