Chance de Richa vencer no primeiro turno se deve a votação pífia de Gleisi

Se o governador Beto Richa (PSDB) conseguir a reeleição neste domingo em primeiro turno, deverá agradecer antes de mais nada ao desempenho fraco – fraquíssimo – da senadora Gleisi Hoffmann nas urnas neste ano. Diga-se de passagem: desempenho absolutamente inesperado dada a vitória acachapante de Gleisi em 2010 para o Senado, com mais de 3 milhões de votos.

O novo Ibope, à beira da votação, mostra Gleisi com 11% dos votos no estado. Isso equivale a pouco menos de 800 mil eleitores. É cerca de 25% do que a senadora fez em 2010. É menos do que ela fez até mesmo em 2006, quando concorreu em sua primeira eleição ao Senado. E, mais estranho, é menos do que Padre Roque (PT) fez como candidato ao governo em 2002.

Se Gleisi e Requião tivessem ambos o desempenho que se esperava deles, a eleição seria duríssima. Requião parece que está prestes a ter um desempenho abaixo do seu normal: cerca de 30% dos votos válidos. Mas é uma votação grande, de mais de dois milhões de votos. Nada mau para quem tem o desgaste de três mandatos nas costas.

Mas sem a votação esperada de Gleisi, a dupla não conseguiu frear Richa, que um dia antes das urnas aparece com 52% dos votos válidos, Claro: os institutos podem estar errados e eu posso queimar a minha língua. Não é o que parece.

Agora, cabe ao PT (e aos cientistas políticos) se debruçar sobre os dados após as eleições para tentar entender o que deu errado. O eleitor paranaense confia no PT para o Senado mas não para o Executivo? Pode ser. Em 2002, Flávio Arns se elegeu senador pelo partido. Em 2006, na disputa pelo governo, fez mais ou menos a votação que Gleisi parece estar fazendo.

Outra possibilidade: embora tenha sido a mais votada em 2010, Gleisi teve o segundo voto de muita gente, e não o primeiro. Na hora de optar entre ela e Requião, o eleitor ainda fica com Requião (as simulações de segundo turno entre ela e Richa podem apontar isso).

Mais chocante, talvez, para os dois lados: Gleisi pode dividir eleitorado com Richa. Em 2010, os dois não concorreram entre si. Agora, sim, e um pode ter tirado votos do outro.

Outras possibilidade ainda: as manifestações de 2013 podem ter tirado votos do PT no Paraná. Mas Dilma Rousseff parece estar com um terço do eleitorado aqui, ao contrário de Gleisi.

Enfim: depois das urnas “abertas”, neste domingo, talvez as coisas fiquem mais claras. Para Gleisi e o PT, porém, será tarde demais. A não ser para pensar em 2018.

Metodologia

Pesquisa do Ibope encomendada pela RPCTV. O levantamento foi realizado dos dias 1º a 4 de outubro e ouviu 1.512 eleitores. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos. O registro no Tribunal Regional Eleitoral é de número 00047/2014 e no Tribunal Superior Eleitoral é de 01028/2014.