Assim como na loucura de Hamlet, na insanidade das campanhas eleitorais também há método – ainda que à primeira vista não pareça. E o método que anda sendo copiado por estas bandas é o de Beto Richa (PSDB); não á toa, já que o tucano ganhou tudo por aqui nos últimos anos.
Beto Richa baseou suas quatro vitórias pessoas (duas na prefeitura e duas no governo) em um mesmo esquema. Muitos partidos, muito dinheiro, investimento pesado em marketing, cooptação pesada de prefeitos e deputados e um discurso quase apolítico, que mais parece de um candidato a presidente de empresa.
Em 2014, Beto chegou a juntar dezessete partidos. Se você imaginar que, em tese, cada um deveria representar uma ideologia, imagine a salsicha que se fez. Claro que ideologia não há, e justamente por isso foi possível o ajuntamento de todos em torno do que realmente interessava, o poder.
O esquema é tão bom que fez escola. E agora, há dois grupos querendo fazer exatamente o mesmo. Cida Borghetti (PP) e Ratinho Jr. (PSD) querem distância de Beto Richa, mas não porque acham que ele estava errado. Só não querem ficar com o ônus da proximidade de alguém com tantas acusações.
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Na prática, o modelo de campanha mostra que os dois querem mesmo ser o novo – o novo Beto. Cida já tem uma coligação que junta do Lobo Mau ao caçador; Ratinho faz o discurso de que unir gregos e troianos é mera questão de gestão empresarial.
Não se trata apenas de aglomerar batalhões ideologicamente amorfos. Os candidatos têm a seu lado as mesmas pessoas que compuseram o governo Beto, ao lado deles próprios.
Nem Cida nem Ratinho têm ideologia. São flex. Os dois já estiveram ao lado de Lula, os dois já foram anti-Lula. Estiveram com Beto enquanto a leitoa dava leite; agora são opostos a tudo isso que se viu.
Beto prova do seu próprio veneno. Tanto se vendeu como o “novo” que agora virou símbolo do “velho” para que seus sucessores possam se dizer novidade.
É evidente que as coligações gigantescas vêm a preço de ouro e de loteamento da máquina, assim como se deu com Beto (e com Lula, e com Dilma, e com Temer…). Mas o importante é que ambos poderão posar diante da tela prometendo a maior distância da política tradicional – o mais velho truque do mundo.
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