As pesquisas de intenção de voto para o governo do estado mostram que Osmar Dias e Ratinho Júnior têm grande chance de polarizar a eleição para o governo do Paraná. O levantamento do Paraná Pesquisas, publicado com exclusividade pela Gazeta nesta terça, vai nesta direção. Porém…
Ai, porém, como diz o samba enredo.
As pesquisas até agora medem só aquilo que se chama de “recall”. Ou seja: o sujeito está dizendo basicamente que sabe quem são os dois. Que os dois não lhe são estranhos. E não é para menos.
Osmar Dias vem disputando eleições estaduais desde que o Britânia disputava o Campeonato Paranaense contra o Matsubara. E Ratinho Júnior tem seu nome berrado (sem o “júnior”) em rede nacional de tevê desde que ele estudava no jardim de infância.
Nome é algo que pode mesmo decidir a eleição. Ainda mais em um estado conservador como o Paraná, que faz um revezamento das mesmas famílias há décadas no Iguaçu. E time que joga “com o peso da camisa” sempre começa com uma certa torcida.
Há pelo menos duas outras coisas que decidem eleições (sem contar com o “imponderável” de Nelson Rodrigues): dinheiro e máquina do estado.
Dinheiro Ratinho tem de sobra. Voa com quantos jatinhos e helicópteros quiser. Seu pai, no escândalo do HSBC, apareceu com milhões na Suíça (atenção, senhores advogados, ninguém está dizendo que isso é ilegal: mera ilustração da fortuna da família).
Osmar tem menos. Mas sobre as antigas fazendas da família no noroeste do estado se construiu um pequeno município. Chama-se Maringá.
Mas no critério máquina estatal parece que não vai ter para ninguém. Cida Borghetti, que também nada em dinheiro (no seu aniversário, o marido serviu paella para mil pessoas; no casamento da filha, bem sabe-se a festança que houve), estará governadora.
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No cargo, Cida terá quatro mil comissionados trabalhando pela sua campanha (supomos que apenas fora do horário de expediente, certo?). Mas isso é só aperitivo.
Vinte secretarias, Copel, Sanepar, Compagas, empresas menores, centenas de “núcleos” disso e daquilo espalhados pelo interior, Ciretrans, Emater, Iapar, tudo isso estará nas mãos dos Barros-Borghetti. Quer mais?
Cida fechou dobradinha com Rafael Greca, e terá acesso também à segunda maior máquina do estado: a da prefeitura da capital. O prefeito da segunda maior cidade? Marcelo Belinati, do seu partido, o PP. A terceira maior cidade? Maringá, onde o sogro, o marido e o cunhado já foram prefeitos.
Como se não bastasse, o marido de Cida tem enorme influência no governo federal.
A partir de agora, tudo indica que Cida vai começar a roubar votos dos dois outros candidatos. A pergunta é: de quem ela tira mais? Se roubar muitos votos, pode tirar o lugar de alguém no segundo turno. Se roubar poucos, pode no mínimo deixar um dos adversários com uma vantagem fenomenal na hora em que prestar apoio a alguém.
Os Barros-Borghetti não brincam em serviço. Mais uma vez, podem ser o fator decisivo da eleição no Paraná.
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