O ministro Ricardo Barros, da Saúde, está sendo alvo de uma enxurrada de críticas em função de um comentário sobre por que os homens vão menos ao médico do que as mulheres. Segundo o ministro, isso se deve ao fato de que os homens “trabalham mais” do que as mulheres e são “os provedores” de suas famílias.
O comentário está sendo criticado por dois motivos: é ofensivo e mal informado. Ofensivo para os 28 milhões de mulheres que, segundo o IBGE, são as principais “provedoras” de suas famílias. Ou, no jargão oficial, são “chefes de família” (outra designação bastante incômoda, aliás, já que famílias não devem ter chefes).
Mal informado porque não leva em consideração o fato de que o número de mulheres que são as principais responsáveis por levar o pão para casa cresce ano a ano. Na Pnad do ano passado, já eram 40% do total dos domicílios. A diferença já é pequena o suficiente para não explicar os comportamentos de saúde díspares entre os gêneros.
Ofensivo por que não leva em conta que mesmo nas famílias em que o homem é o principal responsável pelo sustento econômico, é cada vez mais comum que as mulheres também tenham um emprego formal ou que realizem atividades remuneradas informais.
Mal informado porque não leva em conta a dupla jornada feminina, muito mais comum ainda do que no caso dos homens, principalmente num país machista em que muita gente ainda se recusa a “ajudar” em casa – como se a obrigação fosse da mulher e todo trabalho doméstico masculino fosse uma “ajuda”, uma concessão.
Barros errou, como tem errado frequentemente em suas declarações desde que chegou ao ministério. Errou por falta de informação e por um viés que, talvez não intencionalmente, revela mais uma vez o machismo típico do brasileiro. As críticas, portanto, serão mais do que justas.
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