A pesquisa do Datafolha sobre a prisão dos mensaleiros chegou à conclusão de que 87% dos entrevistados que se dizem simpatizantes do PT concordam com a punição dada a José Dirceu e companhia. O dado chama a atenção, na leitura que foi dada normalmente aos números, porque os simpatizantes do PT parecem não compactuar com a corrupção praticada pelos réus. Ou seja: haveria entre os simpatizantes do partido uma intolerância com os erros de seus próprios representantes.
Mas pode haver uma outra leitura para o mesmo dado. Basta inverter a ordem da sentença. E dizer que apesar de concordar com a prisão dos mensaleiros há uma multidão que continua se dizendo simpatizante do PT. É dizer que a denúncia de que houve o mensalão; o julgamento em tevê aberta dos réus; a condenação e a prisão dos mensaleiros não foram suficientes para demover os entrevistados que concordam com a punição. Eles continuam petistas, ou simpatizantes.
Nessa outra leitura, seria o caso de procurar novas explicações possíveis. Uma delas seria a clássica usada anteriormente para outros políticos. A de que a população gosta de políticos que “roubam, mas fazem”. Essa seria uma versão altamente pessimista. (No caso dos governos petistas, o “faz” não tem a ver com obras, propriamente, mas com programas sociais.) Há outras explicações menos catastróficas, porém.
Uma delas é a de que muita gente entende que Dilma, por exemplo, pouco ou nada tem a ver com os erros de José Dirceu, José Genoino e os outros condenados. Os eleitores tenderiam a ver Lula e Dilma (o PT, neste sentido) acima ou ao largo dos mensaleiros. Entende que uma coisa é outra coisa e outra coisa é outra coisa.; Seria a versão mais otimista.
Há ainda a versão cética. O eleitor está tão cansado de escândalos de todos os partidos que já não se importa mais tanto com esse critério na hora de dizer com quem simpatiza. Todos roubam, mas mesmo assim é preciso escolher um. Deve haver várias outras explicações, e imagino que os comentários ao post trarão algumas delas. A verdade? Quem sabe o tempo responda.
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