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A discussão em torno das biografias não autorizadas tem deixado muito claro um ponto. Ninguém, ou quase ninguém, considera aceitável a atitude dos que querem barrar a liberdade de expressão. Embora no mundinho das celebridades a causa tenha vários adeptos de peso, é difícil achar alguém que lhes dê razão fora desse circulozinho de amizades múltiplas.

Outra coisa que está ficando clara é que os artistas não previam a derrota moral que estão sofrendo e parecem irritados com o fato de estarem sendo contestados. Cada vez mais vê-se que estão perdendo a pose. Caetano Veloso chegou a escrever no Twitter que aceitava as biografias, desde que se pagasse aos biografados. Talvez tenha se tocado do ridículo e apagou. Chico Buarque, talvez acuado, atacou o biógrafo de Roberto Carlos e acabou tendo de pedir desculpas.

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O ridículo maior foi o de Paula Lavigne, que num canal de tevê a cabo tentou vencer por meio do bullying, achando que ia colocar a jornalista Barbara Gancia nas cordas ao revelar no programa que sua crítica era homossexual e casada. Achou que provaria com isso que as pessoas prezam mais a intimidade do que a liberdade de expressão. Se deu duplamente mal. Barbara Gancia deixou o trecho ir ao ar, nem cogitou censura, e quem saiu chamuscada foi Paula Lavigne: soou preconceituosa, grosseira e infantil.

E já começa a parecer que nem mesmo os mais próximos aos artistas que se levantaram na gloriosa associação Procure Saber estão dispostos a defendê-los. A irmã de Chico, ex-ministra Ana Buarque, disse a Ancelmo Gois, de O Globo, que nem poderia ser contra biografias não autorizadas. “Sou filha de um historiador”, disse. Sérgio Buarque de Hollanda também é pai de Chico, claro. Deve ter dado uma certa vergonha…