Não há nada que diga que Artagão, por exemplo, tenha mandado Luiz Bernardo Costa à Sial para receber a mala de dinheiro que acabou sendo apreendida. Não há nenhuma declaração, na verdade, que mostre que de fato, com certeza, cabalmente, ele sabia que Luiz Bernardo estava recebendo, naquele dia, a propina que daria à Sial o contrato com o Tribunal de Contas.
Mas a gravação revela, em três momentos, que Artagão estava preocupado especificamente com Luiz Bernardo, com a construção do prédio e com a possibilidade de alguma atividade ilegal estar ocorrendo. Juntando os três elementos, trata-se exatamente daquilo que estava ocorrendo naquele dia – aquilo de que, segundo o próprio Artagão diria mais tarde, ele sequer desconfiava.
A primeira preocupação é com a construção do prédio. Logo no início da conversa, Artagão diz que acha que o motivo da investigação que estaria ocorrendo dentro do tribunal tem a ver com a licitação do prédio – o que se confirmou pouco depois. Por que ele teria esse palpite? Não fica claro.
A preocupação com Luiz Bernardo é a que aparece em segundo lugar.. Assim que sabe que alguém está na sede do TC vasculhando papéis, o então presidente pergunta pelo funcionário. Onde está? Não voltou de onde? E, mais curiosamente: será que foi preso? Mas por que, afinal, Artagão desconfiaria que um funcionário do TC, num dia qualquer de trabalho, num dia normal, como outro qualquer, seria preso?
A terceira preocupação é relativa às atividades que estariam ocorrendo. Artagão dá ordem para que, caso Luiz Bernardo possa ser contatado, pare tudo que está fazendo. Qualquer ação. Imediatamente. Mas por que o presidente daria ordem para que alguém parasse o que está fazendo assim que sabe de uma investigação em curso?
Essas parecem ser as perguntas relevantes sobre o caso. Artagão, repita-se, até o momento não foi implicado no caso. Mas seria importante ouvi-lo para saber claramente o que exatamente aconteceu naquele dia.
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