O filósofo norte-americano John Rawls é tido como um dos grandes pensadores que fornecem base para a política de cotas que vem sendo adotada em vários países, inclusive no Brasil. A teoria de Rawls pode ser usada, por exemplo, para defender as cotas de 50% para ensino público aprovadas pelo Congresso.
Rawls dizia que as pessoas não nascem todas iguais, nem têm todas as mesmas chances na vida. E ninguém podia se arrogar méritos nem pelo seu nascimento (uma loteria) nem pela sorte na vida. Portanto, deixar tudo a uma meritocracia seria injusto.
Mais justo, dizia ele, era criar igualdade de oportunidades a todos. E não apenas num primeiro momento0. Ou seja: não adianta ter escola para todos. É preciso ter escolas de qualidade para todos. E as pessoas têm de ter chance de frequentar bom ensino para ter chances iguais na vida.
É claro que 50% de cotas pode parecer exagero. Mas pense bem: as universidades federais, que são gratuitas, durante décadas foram mantidas quase que exclusivamente como formadoras de alunos de classe média alta ou mesmo ricos, que podiam pagar pelo ensino.
Enquanto isso, os mais pobres ficavam excluídos, sem poder pagar um ensino particular de qualidade e sem poder frequentar as federais ou estaduais. As cotas corrigem isso.
Além disso, as cotas são temporárias: no caso das cotas raciais, elas tentam minimamente corrigir um problema histórico do país. Não adianta dizer que não somos racistas e que isso criaria o preconceito.
Quem é negro sabe o que sofre por isso. E sabe que é preciso pelo menos reconhecer o problema para que ele seja resolvido.
Por dez anos, os alunos terão chance de tentar criar uma universidade pública mais diversificada e justa, para que o país se torne igualmente mais justo.
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