Beto Richa começou o mandato em guerra com os professores. Terminará em guerra com eles. Tudo porque achou que o funcionalismo era o alvo preferencial na luta por manter as contas minimamente em dia.
Em 2015, quando assumiu dizendo que o melhor estava por vir (sabendo que o estado estava quebrado em boa parte por culpa sua mesmo), Beto Richa viu que não tinha nem como pagar salários. Botou um xerifão nas finanças e fez todo tipo de gambiarra para segurar as pontas.
No longo prazo, achou que o único lugar de onde podia arrancar dinheiro era do funcionalismo. O discurso contra o aumento de impostos é muito forte (e o pacotaço de 2014 já tinha feito um estrago em ICMS e IPVA). Restava atacar o funcionalismo.
Primeiro veio a taxação dos inativos – e, tudo bem, a lei mandava mesmo. Depois, retirou-se um caminhão-forte de dinheiro por mês do fundo de previdência para pagar contas do mês a mês. Por ano, dá mais de R$ 1,5 bilhão. Enfim, veio o salário em si: com a desculpa de que era melhor ganhar menos, porém em dia, suspenderam-se os reajustes.
A cada dia que passa, o funcionalismo vê a inflação comer seu poder de compra. Beto Richa repõe o valor de todos os outros insumos – menos do insumo humano.
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Como se não bastasse, o governador decidiu que os milhares de professores temporários precisam ganhar menos. O discurso das “demandas insaciáveis” dos sindicatos deu lugar ao discurso do “alguma coisa tem que ser feita para fecharmos as contas”. E roa-se a ponta mais fraca da corda.
Nesta quarta, numa absurda declaração, disse que quem acha o salário ruim que não se candidate. Ótimo. Trate-se o problema como uma questão de ganância do professor, quando na verdade o que se está decidindo é quem será atraído para a função.
Os R$ 172 milhões de comissionados seguem intocáveis, assim como os R$ 120 milhões de publicidade previstos para ano eleitoral. Mas é preciso arrancar cada centavinho de quem ensina nossas crianças – como se isso fosse compatível com uma propalada “prioridade para a educação”.
É claro que não ia ficar barato.
Por pouco, não há um mini 29 de abril: o Choque chegou a se posicionar quando os professores, indignados (e com razão), tomaram parte do Palácio de mordomias em que Beto dá suas ordens há sete anos.
Não houve confronto físico. Porque há eleição. E porque a pouca popularidade que sobrou ao governador não resistiria a mais isso.
Mas o governo ainda tenta dar um jeito de espremer um pouco mais do bolso do funcionalismo, ao mesmo tempo em que anuncia bilhões em investimentos. Como se o investimento mais importante não fosse nas pessoas que cuidam da próxima geração de cidadãos.
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