Curitiba teve mais de 1,1 mil candidatos inscritos para disputar uma vaga de vereador neste ano. Mesmo depois das impugnações e dos registros indeferidos, ainda são mais de 1 mil nomes disputando seu voto e que – em teoria – poderiam chegar à Câmara no ano que vem.
Em tese, seria uma concorrência típica de curso de Medicina em universidade grande. Atualmente, 29 candidatos por vaga. Mas, assim como no vestibular, não quer dizer que todo mundo tenha as mesmas chances. Pelo contrário. Dos mil, é provável que menos de 100 tenham chances reais de conseguir votos e se eleger. Provavelmente, ainda menos.
Embora muita gente ache que tem chance na campanha simplesmente porque é popular, tem alguma influência na empresa, no condomínio ou porque defende boas propostas, não é assim que a coisa funciona.
Veja oito motivos para entender por que apenas algumas dezenas de candidatos realmente disputam a sério uma vaga na Câmara no ano que vem.
1- Campanha é cara
O grande escritor e marqueteiro Jamil Snege, acostumado a campanhas políticas, dizia que se alguém lhe procurava dizendo querer sair candidato a vereador, a primeira pergunta que ele fazia era: quanto dinheiro você tem? Se a pessoa respondia que tinha uma casa para vender, ou um apartamento, ele recomendava que ficasse com o imóvel e desistisse da campanha desde cedo. Dinheiro, claro, não é o único critério para se eleger, mas é um dos fundamentais.
2- Os “donos dos cargos”
A cada campanha, pelo menos metade dos vereadores que estão no mandato continuam firmes lá. A taxa de renovação é de, no máximo, 50%. Se você descontar os que não se candidatam por algum motivo, a quantidade dos que realmente não se reelegem é de cerca de 30%. Ou seja: só três em cada dez vagas podem estar realmente em disputa.
3- Jogo pesado
Além dos 38 vereadores que estão no cargo (dos quais 32 são candidatos à reeleição neste ano), há muitos ex-vereadores, ex-deputados, gente que já disputou até a prefeitura e que está na tentativa de uma vaga na Câmara. Na lista atual, há um ex-deputado federal e um presidente da Câmara. Claro que esses saem na frente.
4- Os filhos e filhas do poder
Além de quem está no cargo e dos que já estiveram lá, há os que nunca estiveram pessoalmente – mas sim por procuração. São os filhos de políticos, que frequentemente usam o cargo como trampolim para seguir os passos dos pais e mães famosos. Sobrinhos, netos e outros parentes também entram na lista.
5- Ninguém se elege sozinho
Há muita gente que acredita que defender boas ideias é o melhor caminho para a eleição. Que se você for uma pessoa séria e bem intencionada, mais ou menos conhecida, terá chances de conseguir votos. Pura ilusão. Como se diz na política, ninguém é candidato de si mesmo. Quem tem chance normalmente é quem representa um grupo. Pode ser um grupo geográfico (bairro), uma categoria profissional (um sindicato, por exemplo), ou um grupo de pressão.
6- Candidaturas pró-forma
Tem muita gente que se candidata sabendo que não tem chance, só por algum motivo pessoal. Por exemplo, para conseguir três meses de folga no serviço público. O nome está lá, mas o sujeito nem faz campanha.
7- Candidatos laranjas
Para preencher cotas femininas, por exemplo,muitos partidos fazem gambiarras, registrando como candidatas pessoas que estão lá só para completar a lista, mas que jamais pensam sequer em fazer campanha.
8- Candidaturas ilusórias
Apesar de ano após anos as eleições mostrarem que entrar na Câmara não é coisa para amador, muita gente continua achando que os resultados são “imprevisíveis” e torrando seu pouco dinheiro em uma campanha que obviamente não tem chance alguma. Fazer dois ou três mil votos, o mínimo para entrar na disputa em Curitiba, é coisa que exige um esforço colossal, fora do alcance para a maior parte das pessoas.
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